domingo, 21 de abril de 2013

A CRIANÇA TÍMIDA E CONSEQUÊNCIAS NO FUTURO...



Muitas crianças são tímidas...Apresentam uma postura caracterizada por uma maior dificuldade nas relações interpessoais e uma tendência estável e acentuada de fuga ou evitamento do contato social com outras pessoas.

Assim, podemos dizer que uma criança tímida é uma criança que internaliza o seu sentir, as suas emoções e o seu pensar...é uma criança que coloca para dentro e não consegue exprimir-se para os outros.

O que algumas pessoas desconhecem é que, por vezes, a timidez pode revelar-se através de outros comportamentos como a agressividade. É assim como que o escape da criança...a sua forma de “desacumular” tensões, existindo, neste ponto de vista, uma exteriorização de sentires...não do seu sentir, não dos seus pensamentos...é como um rebentar mas que não diz nada em relação à criança em si e aos seu estar!

A timidez, enquanto comportamento que fica só “para dentro” não causa muita “mossa”, chegando mesmo, por vezes, principalmente em contexto escolar, por ser reforçado...são crianças que não chateiam, não incomodam e que permitem menos barulho na sala...
De facto, a timidez enquanto comportamento “internalizante” não chama muito a atenção dos demais, visto que o prejudicado é o próprio indivíduo, ou seja, a criança.

A dificuldade relacional de que falei em cima pode ser vista de varias maneiras:
• Baixa sociabilidade,
• Baixa aceitação social,
• Timidez propriamente dita e
• Estilo de relação passivo ou inibido.

Refiro-me à baixa sociabilidade quando falo de crianças que têm uma baixa motivação de aproximação social mas sem necessariamente existir um alto grau de evitação. São aquelas crianças que preferem estar no seu cantinho ...se alguém vier ter com elas tudo bem, se não...ficam sozinhas!

A baixa aceitação social tem a ver com o facto da criança ser excluída e/ou esquecida pelos colegas e é nestas crianças que muita vez a timidez se revela através de agressividade pois, ao sentirem-se rejeitadas, são muito mais vulneráveis a problemas exteriorizados.

Por outro lado, a timidez propriamente dita envolve aquelas crianças que estão motivadas à aproximação, mas também à evitação. Ou seja, elas gostariam de interagir com os outros, mas acabam por evitar o contato por varias razões, como o excesso de cautela e receio diante de avaliações e desaprovações.

Falta ainda falar no estilo passivo nas relações interpessoais e aqui o termo assertividade é fundamental...São crianças que, em função da sua timidez, acabam por se anular perante os outros, mesmo tendo o direito de posicionar-se e mostrar-se perante eles.

Uma pessoa passiva, portanto, é uma pessoa dita inibida, introvertida, que muitas vezes se frustra por não conseguir atingir os seus objetivos. Sem expressão própria, há sempre alguém que, os se adianta para resolver os seus problemas ou a decidir por ela e, a criança, com medo de “estragar” a relação com os outros (ou de ser mal compreendida), acaba por adotar comportamentos de submissão, esperando que as outras pessoas percebam as suas próprias necessidades e anseios.
A partir daqui é fácil perceber que estas são crianças que se tornam extremamente influenciáveis pelos outros, precisamente pela ausência da expressão. São crianças facilmente manipuladas e controladas pelos seus pares e com muita dificuldade em defender os seus próprios direitos e anseios. Ou seja, poderão aceitar brincar a jogo que na verdade não gostam, comportar-se em discordância com os seus valores e opiniões para evitarem a exclusão social!

É relativamente fácil observar quando uma criança apresenta sintomatologia de inibição, timidez e começar desde cedo a trabalhar para que o atrás descrito não se torne realidade...Por exemplo:
• Os tímidos costumam manter-se mais quietos em comparação aos outros colegas,
• Não tiram dúvidas em contexto sala de aula,
• Não começam nem mantém diálogos com os seus pares,
• Em atividades de grupo costumam ficar calados e acatarem, sem argumentar, as opiniões dos outros,
• Isolam-se dos outros e/ou interagem bem menos do que seria esperado para a sua faixa etária.

Muitas vezes, tais comportamentos são acompanhados de níveis significativos de ansiedade, preocupações e pensamentos negativos diante de contextos interpessoais que impliquem avaliação dos demais (como ler em voz alta, resolver um problema no quadro, fazer uma apresentação de um trabalho.

Manifestando-se na infância, mas sem reversão do quadro, as dificuldades são passadas para as fases posteriores do desenvolvimento, muitas vezes mais graves. Já na fase adulta, as então crianças tímidas provavelmente terão dificuldades a nível da sua autoestima, no mercado de trabalho e também no âmbito relacional-afectivo.
Sem se posicionarem adequadamente, aceitarão o que de fato não querem (como uma relação afetiva sem perspectivas), submeter-se-ão a situações aversivas por não conseguirem resolver problemas , assim como também poderão ter dificuldades em fazer amizades.

Como qualquer outro comportamento, o critério para que um padrão seja considerado um problema é haver prejuízo em algum âmbito da vida. Assim, se a timidez passa uma maneira reservada de interagir para algo que prejudica a socialização e/ou o desempenho acadêmico, recomenda-se procurar ajuda profissional, de modo a evitar o agravamento do quadro para situações patologicamente mais complicadas.

Para os pais, como forma de ajudar as crianças tímidas a lidarem com a sua timidez (uma vez timido, sempre tímido...não se mudam personalidades, ajuda-se as crianças a lidarem e a gerirem as mesmas da forma o mais saudável possível) recomendo a pratica desportiva e/ou atividades artísticas, de acordo com o que suscitar mais interesse na criança.

Em relação à escola, após detectados os sinais, existem varias estratégias. Deixo-vos algumas sugestões que espero que ajudem:
• Valorizar mãos o colocar o dedo no ar do que propriamente dar realce ao facto da resposta estra errada ou certa
• Dar reforço positivo sempre que a criança se atreve a fazer uma “intervenção”
• Dar-lhe espaço...não dar a resposta por ela se ela não responder logo mas ajuda-la a chegar à resposta por si
• Respeitar o seu ritmo e a sua timidez e não a expor perante os outros

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

sexta-feira, 19 de abril de 2013

CONTEXTO FAMILIAR SINCRÓNICO E ASSINCRÓNICO E CONSEQUÊNCIAS NAS CRIANÇAS



O contexto familiar afeta de forma muito significativa a efetividade dos estímulos discriminativos aos quais a criança responde, bem como a efetividade dos reforçadores disponíveis no ambiente.

Assim, numa estrutura assincronica, ou seja, onde pai e mãe não se entendem e um diz A e o outro diz B, acaba por gerar-se um ambiente sentido pela criança como caótico, caracterizando-se o mesmo por respostas pouco coerentes e pouco consistentes que acabam por baralhar a criança e não gerar nela a segurança necessária para crescer de forma saudável.
Crianças que vivem em contextos destes são crianças que tem mais dificuldade em respeitar regras, em adequar-se aos diferentes contextos onde se integram e apresentam mais dificuldade em estabelecer relações sociais saudáveis com os seus pares.

Por outro lado, uma estrutura familiar que funcione de forma sincrónica, ou seja, onde pai e mãe tomam decisões ponderadas entre os dois e onde ambos se respeitam e conversam sobre as estratégias a delimitar com os filhos, existe uma muito maior probalidade da existência das chamadas “respostas de obediência”, ou seja, existe uma muito maior probalidade da criança, em função de perceber o conceito de regras, limites e respeito, apresentar também ela comportamentos e posturas de acordo com esses valores. Neste ambiente, ou seja, no ambiente sincrônico, as reações parentais ao comportamento infantil são apropriadas, ou seja, acontecem "no tempo certo e da maneira correta", sendo uma das características do ambiente sincrônico a responsividade parental.

Basicamente o termo responsividade parental abarca 3 importantes conceitos:
• Os pais devem reagir de imediato, no momento em que acontece a situação problema;
• Devem reagir de forma consistentemente, ou seja, por cada vez que existe o comportamento problema a reação deve ser a mesma
• Devem reagir de forma coerente, ou seja, devem tomar a mesma atitude, SEMPRE que o comportamento problema é feito pela criança. Tomar uma atitude umas vezes, e não fazer nada noutras ,é pior do que não fazer nada!

Quanto mais responsivos forem os pais, maior é também a probalidade de ocorrência de obediência por parte das crianças, sendo claro que a obediência infantil, ou seja, o saber funcionar com regras e limites e respeitá-las nos vários contextos em que estão inseridos, é influenciado pelos padrões de respostas parentais.

Em suma, a capacidade de saber respeitar regras e de construir/adquirir uma boa estrutura emocional, equilibrada e saudável, encontra-se em relação direta com o modo como os pais se impõem perante a criança. Desta forma, a obediência ocorre como função direta de um contexto sincrônico composto principalmente por reações consistentes dos pais ao comportamento infantil...Quando a sincronia é alta, as crianças estão aptas a obedecer às instruções parentais e quando a sincronia é baixa, existe uma muito maior probalidade de se gerarem comportamentos de oposição quer em relação às suas figuras de referência, quer em relação aos outros adultos à sua volta.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

domingo, 14 de abril de 2013

A ZANGA NAS CRIANÇAS…O QUE PODEMOS FAZER PARA A AJUDAR?



Todos nós, crianças ou adultos, temos sentimentos diferentes… Umas vezes sentimos alegria, outras vezes tristeza, outras vezes medo e, outras vezes, a zanga! 

A zanga ou raiva na criança não é mais do que um sentimento de protesto, de insegurança, de timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente-se ferido ou ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as crianças.
Quando bem gerida. é uma emoção útil e saudável, pois permite à criança pôr cá para fora toda a tensão acumulada de situações mal resolvidas, mal pensadas ou mal geridas… O problema é a forma com que, na grande maioria das vezes, a criança se comporta quando experiencia esse sentir… Algumas agem descontroladamente, outras agem destrutivamente, acabando estas reacções por ter como consequência prejuízos significativos a nível das relações tanto em casa, como na escola.

As crianças aprendem a lidar com a raiva, observando os adultos à sua volta, e em muitos momentos imitam-nos, por isso é importante que nós, adultos, também saibamos como lidar com a raiva de forma apropriada.


Aqui estão algumas dicas…:

Ajude a criança a perceber que a raiva é uma emoção natural… não há problema em sentir raiva…é importante é a criança perceber que sua raiva não pode (não deve) ferir os outros que nada tem a ver com a sua raiva.
Para aqueles que tem algo a ver com a sua raiva, com a zanga da criança, ou seja, que contribuíram para que a criança a sentisse, é importante que ela perceba que pode usar as palavras em vez da agressividade…Ensine-lhe a linguagem do EU para que ela saiba aplicar na relação com os outros"Eu não gosto quando gozas comigo…quando gozas comigo eu fico triste e zangado…” ou “ não gosto quando me chamas….. faz-me sentir mal e zangado”!

Incentive o seu filho a partilhar sentimentos consigo e esteja disponível, realmente disponível nesse momento…mostre-lhe que compreende a sua raiva ou frustração... diga-lhe mesmo, olhando-o directamente os olhos e expressando compreensão"Eu vejo que estás muito zangado.".
Para que o seu filho esteja disponível para partilhar sentimentos consigo, é fundamental que ele sinta que também os patilha com ele…se está triste…chore..não há qualquer problema em faze-lo perante a criança, pelo contraio, ajuda-a a perceber que não temos de esconder o que sentimos e que é normal e natural partilhar isso com as pessoas de que gostamos.

Para mim, a dica mais importante de todas..o exemplo!... Mostre comportamentos adequados ao seu filho ao lidar com a raiva. O que os pais fazem pode ser mais importante do que aquilo que dizem!!!!!.

Ajudar a sua criança a relaxar, ensinando-lhe algumas maneiras de se acalmar quando perceber que está irritada. Pode ser por exemplo tentar fazê-la desenhar ou escrever acerca dos seus sentimentos.

Os limites e as regras estão sempre presentes em tudo o que implica um crescimento emocional saudável…Estabeleça limites claros para que o seu filho saber claramente e de forma concentra quais os comportamentos que são aceitáveis e os que não são.

Gosto muito de, desde cedo (6/7) falar à criança acerca da sua capacidade de escolha…não há escolhas certas nem erradas…há as escolhas que cada um de nos, de forma ponderada fazemos para isso é preciso pensar que, para cada atitude que possamos tomar temos sempre dias opções (pelo menos): uma implica determinadas consequências positivas e negativas e, uma segunda, implica igualmente consequências positivas e negativas. Ajude a criança a pensar desta forma e deixe que seja ela a ponderar depois de analisar os prós e os contras, qual a melhor atitude…esta estratégia vai ser útil para toda a vida, promovendo a capacidade de iniciativa e a competência para a tomada de decisões.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A AUTONOMIA DA CRIANÇA E O PAPEL DOS PAIS


 
"...É inevitável que, diante de tantas adversidades de um mundo em constante mutação e com tantas intercorrências, tenhamos buscado na escola e na família um modo de proteger os nossos filhos – aos quais tanto amamos – das ameaças do mundo moderno, criando um universo perfeito onde nada ou muito pouco pode atingir aqueles que temos como nosso bem mais precioso.

Por isso, aceitamos as suas ameaças, satisfazemos todas as suas vontades, preenchemos os seus quartos com brinquedos, oferecemos os nossos serviços a fim de privá-los do menor esforço e, sem percebermos, enquanto alimentamos todos os seus desejos, roubamos-lhes a oportunidade de construírem um bem muito valioso: A AUTONOMIA ".

Fátima Poucochinho

quinta-feira, 11 de abril de 2013

REGRAS E LIMITES ...

"...É a autoridade exercida pelos educadores (pais, professores, instituição) que permite à criança e ao jovem integrar os interditos fundamentais ligados à socialização.

Um adulto que permite tudo não é, para a criança, um adulto que lhe dê segurança. As crianças reclamam, aliás, esses limites quando levam os adultos ao limite (a "passarem-se da cabeça e agirem").

É como se a criança estivesse a levá-los a colocarem limites. E quando isso não se verifica, pode acontecer que seja a própria criança ou jovem a colocar o limite, em escalada, geralmente com o corpo, caindo, magoando-se, pondo-se em perigo. Sem autoridade a criança sentir-se-á insegura, deixada só nas perigosas marés da sua impulsividade e destrutividade, abandonada, negligenciada."

Por Maria Teresa Sá

quarta-feira, 10 de abril de 2013

AS CRIANÇAS E A ANSIEDADE.....

AS CRIANÇAS E A ANSIEDADE.....

As crianças são seres extremamente sensíveis ao que as rodeia, sendo que, muitos vezes, situações que para nós adultos, não nos causam qualquer transtorno, à criança pode perturbar de forma bastante significativa...Se este tipo de situações se for repetindo sem o adulto se dar conta, facilmente temos uma criança “transformada” num ser ansioso, com dificuldade em controlar as suas emoções e o seu estar.

Muitas vezes, o que acaba por acontecer é que a criança passa a viver no futuro em vez de viver no presente, ou seja, a preocupação e o centro das atenções da criança passa a ser o que VAI ACONTECER , e não O QUE ESTÁ A ACONTECER NO AQUI E AGORA...Isso é ansiedade...É o não usufruir adequadamente do presente por estar com uma preocupação constante com o que vai acontecer amanhã, ou depois de amanha ou para o outro fim de semana.

O convívio em casa com a família e o modo como a criança vê os adultos reagirem e lidarem com o seu próprio dia a dia, exerce uma função importante no comportamento desta e na sua postura perante a vida. Como sempre digo...O EXEMPLO É A MAIOR FONTE DE APRENDIZAGEM!NO exemplo dos pais é fundamental para que a criança aprenda a controlar de forma equilibrada as suas emoções.

Esta aprendizagem é de tal forma “potente” que, bebés recém-nascidos podem, desde cedo, aprender e desenvolver alterações de ansiedade por influência da mãe.

Até os 7 anos, a criança está num nível de desenvolvimento muito primitivo, muito centrado em si, e a família é o alicerce para as suas aprendizagens morais, afectivas e emocionais.
Se no dia-a-dia, a criança presencia discussões entre os pais, ou extrema preocupação dos pais com situações do dia a dia, por exemplo, é provável que se sinta insegura e ansiosa também. Ora se os pais, que são (ou deveriam ser) a sua fonte securizante, o seu porto seguro deixam de o ser, como pode a criança construir-se com segurança? Como pode ela construir o seu EU de uma forma confiante?

Como os pais podem ajudar os filhos
- Ensine o seu filho a respirar bem devagar, para que ele se acalme. Pode ensinar-lhe a respiração abdominal ou respiração pela barriga que é extremamente relaxante e simples de executar ...Quando a criança (ou adulto) inspira, deve colocar todo o ar na barriga e fazer um balão...quando expira, deve jogar o ar todo fora, empurrando o umbigo para dentro, sendo que a inspiração e expiração são sempre feitas através do nariz!

- Se nota que a criança vive muito centrada no que vai acontecer em vez de pura e simplesmente viver o aqui e agora, explique o que vai acontecer para que ela se acalme mas, sem grandes explicações e sem muita conversa. Explicando uma vez (2 vezes no máximo) a criança percebe perfeitamente!...Não valorize esse comportamento da criança centrando-se nele e levando horas a fio a falar com ela sobre isso...Acalme-a, relaxe-a mas, encontrando um meio termo...Se leva muito tempo a falar com a criança sobre o assunto, está a mostra-lhe que isso a incomoda também, e ai gera-se um ciclo complicado de ansiedade de criança que provoca ansiedade nos pais que por sua vez gera mais ansiedade na criança;

- Converse com o seu filho. Se perceber uma mudança no seu comportamento, ajude-o a expressar-se, a nomear o que está a sentir...Se vê que a criança não se consegue expressar falando utilize imagens e peça para que ele aponte qual a imagem com que se identifica ( se com a imagem do menino triste, feliz, zangado, etc.) Aprofunde de forma “soft” as emoções, os sentires e verbalize que por vezes, também a mãe, ou pai, tem sentires mais desconfortáveis mas, que os tentam resolver...Pode ser uma boa altura para reforçar a respiração abdominal!

- Proponha atividades físicas. Elas relaxam e ajudam a criança a centrar-se no presente.

- Tenha atenção....Se perceber que a rotina e o desenvolvimento da criança estão prejudicados em função da ansiedade que ela manifesta, é importante consultar um psicólogo para que seja efectuada uma adequada avaliação e para que sejam dadas aos pais estratégias mais especificas para o seu filho em particular

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Gritar, ameaçar e humilhar uma criança são atitudes tão nocivas quanto bater....!



Educar não é uma tarefa nada fácil ...Os filhos não trazem livro de instruções.... Ouve-se muito agora falar nos malefícios do bater na criança....Sim, de facto é muito prejudicial para um crescimento saudável mas, não é só o bater que é prejudicial e traumático. As alternativas que alguns pais vão arranjando como formas de educar, como o gritar, castigar, ofender, humilhar são tão ou mais nocivos do que uma bela “palmada pedagógica” (bem diferente do esbofetear)!
Quando gritamos, ofendemos, dizemos o que devíamos e o que não devíamos, além de colaborar para que as crianças cresçam com medo e com uma baixa autoestima, acabamos também por afastar-nos delas.
O gritar, ao contrario do que se possa pensar, não revela autoridade nem provoca na criança respeito...provoca antes medo e revela um adulto descontrolado...ou seja...a criança fica insegura porque não sente o seu meio como equilibrado, seguro mas sim como algo em completo descontrolo...Onde deveria ser o seu porto de abrigo, e o seu local de busca de soluções para o seu próprio descontrolo, acaba por transformar-se num local onde sentem pais desesperados para se fazerem obedecer.
A violência verbal é tão agressiva quanto a física, principalmente se os gritos tiverem uma conotação de ameaça: "Qualquer dia vou-me embora e não volto mais!", "Ainda vou ter um ataque por causa de ti". Diante de frases como estas, as crianças sentem-se responsáveis por coisas que não são.
Existe ainda uma questão a não esquecer...o rotular tem um efeito devastador para a autoestima da criança. Os pais são a figura de referência para os filhos...quando um pai ou uma mãe o chama de preguiçoso, vândalo ou inútil, por exemplo, eles acreditam...acreditam e integram como sendo uma verdade absoluta!
Até os sete anos, a personalidade está em formação. Qualquer termo pejorativo pode marcar para sempre. Tente corrigir ou apontar o comportamento, a atitude, nunca a criança como pessoa. Exemplos? É diferente quando dizemos “ Estou triste com o teu comportamento...o teu comportamento foi muito incorreto e não gostei dele! Do que quando dizemos “ estou triste e zangada contigo...és um menino mau”

Para as crianças, a opinião dos pais a respeito de suas atitudes, da sua performance ou mesmo de seus atributos de beleza e inteligência são muito importantes na construção de uma personalidade. Ao perceberem que os pais não a admiram, elas tendem a depreciar-se, o que pode culminar em casos de depressão, agressividade e fuga do convívio familiar.
Para além disso, como todas as crianças costumam copiar os pais, consequentemente, vão comunicar com os outros, seus colegas, seus professores e mesmo familiares, dessa forma!

Fátima Poucochinho

DISCALCULIA....


DICAS PARA O PROFESSOR.....

Evite mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando a sua fala;

Não force o aluno a fazer os exercícios quando estiver nervoso por não ter conseguido;

Explique à criança que as dificuldades que apresenta na matemática não acontecem porque ela tem um problema de inteligência mas sim porque tem dificuldade na descodificação dos símbolos (números)...mostre-lhe que a entende e que está ali para ajudá-la sempre que precisar;

Proponha jogos na sala para estimular a inteligência lógico-matemática através dos mesmos...os jogos irão ajudar na seriação, classificação,habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e, contagem;

Pode também utilizar jogos para fixar a conceituação simbólica das relações numéricas e geométricas, que "abrem" para o cérebro as percepções do “grande” e do “pequeno”, do “fino” e do “grosso”, do “largo” e do “estreito”,o “alto” e do “baixo”.

Não corrija os testes ou os exercícios com canetas vermelhas;

Procure usar situações concretas, nos problemas;

Permita que a criança utilize a calculadora;

Permita que a criança possa utilizar o livro da tabuada,

Realize questões diretas e, se mesmo assim a criança manifestar muita dificuldade, faça-lhe as perguntas oralmente para que consegui mais facilmente resolver o problema e minimizar os efeitos nefastos a nível da sua auto estima;

Fátima Poucochinho

Ter um amigo imaginário na infância é normal...


Veja algumas dicas para lidar com o seu filho nessa fase!

Na infância, conversar e brincar com um amigo invisível não deve ser motivo de preocupação para os pais. É muito comum que as crianças dos três aos seis anos inventem este tipo de fantasia. Faz parte do universo delas e é até muito saudável. As experiências de faz de conta ajudam as crianças a criarem recursos para lidar com situações reais, como as de conflito, amor, ansiedade, medo ou mesmo desenvolver a própria criatividade.
E não é só um personagem invisível que pode se tornar o melhor amigo do seu filho. Ele pode eleger um brinquedo ou um objeto que representa a figura humana e faz parte de sua rotina em casa ou na escola. A criança fantasia situações do quotidiano nas quais é ela quem tem o domínio da situação. Tendo o poder de controlar, sente-se importante e especial. Geralmente, imita falas e gestos dos pais, professores ou coleguinhas.
Quando o amigo imaginário surge é porque a criança precisa dele...é porque está a vivenciar alguma situação que a incomoda, que a perturba e que ela, não a sabendo resolver, opta por criar uma solução alternativa onde se sente mais acompanhada,, mais protegida!...trata-se, portanto, de um recurso natural, saudável e passageiro. A fantasia faz com que a criança se acalme quando está ansiosa, carente, com raiva ou sentindo medo. Muitas vezes, ainda, usam a voz de mentira para poder dizer coisas que não diriam normalmente.
O QUE PODEM OS PAIS FAZER
Ao descobrir, os pais devem aceitar e entrar na brincadeira, sem se preocupar ou interferir. É melhor tratar tudo com naturalidade. “É uma fase transicional, que ficará para trás quando o vínculo com o mundo externo estiver mais consolidado e for possível ter experiências seguras com um amigo real”. Os pais nunca devem ignorar os relatos do filho. Só é preciso estar atento ao que a criança diz e faz.
É um erro repreender a criança ou dizer abertamente que seu amigo é fruto da imaginação. “Só vai deixar a criança confusa e com tendências ao isolamento ou envergonhada, afectando muito a sua autoestima e, passar a mentir pode ser a saída quando os pais não aceitam o amigo invisível.
Porém, também é um engano incentivar a relação invisível. “A criança pode crer que a voz do amigo tem mais repercussão no ambiente familiar que a sua própria e corre-se o risco de que ela se sinta invadida em seu processo de criação. O espaço da fantasia deve surgir de forma espontânea, porque o filho demonstra interesse, e não por uma insistência da parte dos pais

Não se preocupe....Um belo dia, o seu filho vai dizer-lhe que o amigo se foi embora –e esse também é um processo normal. “Por ser uma fase passageira, normalmente, a criança encontra formas de abandoná-la sozinha. Se quiserem, os pais podem dizer que o colega foi viver a vida dele, que está bem, a divertir-se e aprendendo na escola. O importante é passar segurança ao seu filho de que o ambiente em que vive é bom.
SINAIS DE ALERTA
Esta fase, ou este recurso, vai, regra geral, até aos 6/7 anos....se a partir desta idade o amigo imaginário persistir é importante levar a criança a um psicólogo pois a criança pode ter perdido a noção do que é real e do que é imaginário e ai passa a apresentar um quadro já patológico que nada tem a ver com a imaginação fértil e saudável de uma idade mais tenra.

Fátima Poucochinho
 
EU QUERO!”

A partir dos três anos, expressões como «eu quero!», «eu posso!» e «eu faço!» começam a fazer parte do vocabulário da criança. É uma fase em que a criança vive centrada em si própria, é egoísta, possessiva e pouco tolerante... Necessita provar a si mesma que é capaz de fazer o que for sem a ajuda dos adultos, é por isso que age desta forma. Os pais não devem desesperar... É uma fase propria do desenvolvimento da criança e (felizmente) não dura a vida toda, revela apenas uma necessidade de afirmação e uma dificuldade em ver as coisas a partir de um ponto de vista que não seja o seu.
O que os pais podem fazer???
Nada de muito complicado.....Basta que ajude a criança a desenvolver, da melhor maneira possível, a sua maturidade emocional. Para isso, é fundamental:

Agir com firmeza

Não ceder aos caprichos da criança

Não perder o controlo...Se a criança está em descontrolo e o adulto (suposta figura de segurança) se descontrola também...é a desgraça!!!!!

Dialogue muito com o seu filho...Está a ensiná-lo que essa via, o conversar, é uma via possível e alternativa aos gritos e ao descontrolo

Mime, mime muito...não há limite para o mimar MAS, a acompanhar todo esse mimo tem SEMPRE de existir uma definição muito clara dos limites da criança e, claro, a palavra fundamental na educação infantil...O NÃO!!!!!

Fátima Poucochinho

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O NÍVEL DE EXIGÊNCIA QUE COLOCAMOS AOS NOSSOS FILHOS INFLUENCIA DE FORMA SIGNIFICATIVA A SUA AUTO-ESTIMA E A SUA CAPACIDADE DE INICIATIVA



As crianças precisam de regras, de limites e de rotinas…precisam de orientação para crescer, precisam que o exterior, através dos pais, seja uma fonte securizante de organização e bem estar.

No entanto, em tudo existe um meio termo…Se os pais são exigentes num nível além do que a criança consegue dar, isso será, sem dúvida, um agente potencilizador de stress.

É realmente, muito importante lembrar que cada criança reage de acordo com a sua personalidade. Muitas vezes, os pais são exigentes com um filho e tudo corre bem…com outro, o stress vem completamente ao de cima, e isto acontece porque cada um tem o seu ritmo, o seu potencial.

Os pais, geralmente, educam da mesma forma ou tentam fazer as coisas da mesma forma com todos os filhos. No entanto, cada criança é um ser único e individual, variando, de criança para criança, o seu potencial e ritmo de desempenho.

O problema surge quando esse ritmo pode não estar de acordo com a exigência que lhes é imposta pelos pais, o que vai gerar queda de auto estima…A criança pode sentir que não consegue corresponder ao que é esperado dela pelos pais, pode sentir que não agrada os pais e, tudo isso, vai afectar o seu desempenho a todos os níveis (pessoal, social e académico)

É claro que, de forma consciente, os pais não tomam esta atitude…A sua intenção é ajudar a criança a dar o seu melhor, a ser alguém na vida…O problema é que, muitas vezes, essa insistência da criança “dar o seu melhor”, é uma “amostra” do que os pais gostariam que os filhos fossem…É bom ouvir “o meu filho teve muito boas notas” ou “ a minha filha porta-se muito bem” e por vezes, a nossa necessidade (compreensível) de querer ouvir essas coisas faz com que exijamos aos nossos filhos o que eles por vezes não nos conseguem dar…Um modelo idealizado do que queríamos que ele/ela fossem.

O desejo de querermos o melhor para os nossos filhos é normal e penso que todos os pais o sentem, o problema é quando se torna obsessivo, criando rotinas de estudo alargadíssimas, com um nível de exigência também elevadíssimo…Ai temos um problema porque tal situação vai gerar na criança níveis elevados de stress.

Os sintomas vão variando ao longo desse processo. Podem começar com um medo grande em falhar, começando os pais a receber recados dos professores de que a criança não fala, não responde quando questionada, parece não se concentrar; depois surgem as “brancas nos testes” e mesmo nas aulas, sendo frequente o “esqueci-me”, depois passamos para situações que se evidenciam a um nível mais físico como taquicardias, mãos suadas, hiperactividade, dores de barriga transitórias.

É importante que, nós, pais estejamos atentos aos filhos reais e não aos filhos idealizados… Se uma criança é uma aluna mediana, não podemos (não devemos) força-la de forma obsessiva a passar a ser uma aluna de 5…Podemos (e devemos) ajudá-la a organizar métodos de estudo que a ajudem a manter-se por dentro da matéria, ajudá-la a desenvolver hábitos de estudo que não estimulem a “preguicite aguda” mas, ser obsessivos com isso é perigoso…A criança não consegue ir além da sua competência…Ela não o consegue fazer…As expectativas são demasiado altas e a criança sente isso e, esse sentir dói-lhe!!!!

Se calhar, se insistir muito mesmo muito, a criança, aluna mediana, até consegue chegar aos desejados “5” mas…a que custo??? Será que vale a pena? É uma questão que deixo em aberto….

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juveni

quinta-feira, 4 de abril de 2013

MÃE, PAI...POSSO DORMIR NA VOSSA CAMA?



Muitas crianças sofrem à noite com medo do escuro, dos imaginários “monstros”, etc. 

A função dos pais é proteger e cuidar...como tal. é seu papel ajudar a criança a aprender a superar os seus medos.Podem (e devem)fazê-lo ajudando a criança a perceber que os problemas se resolvem...não existe necessidade de fugir deles!!! 

É necessário muita paciência, mas também muita firmeza e persistência.

Tudo é uma questão de tempo... Quando a criança sente medo, é preferível que sejam os pais a ficar na cama da criança para tranquilizá-la, do que levá-la para a sua cama, para a cama do casal.

Dormir no seu próprio quarto, para a criança é estar “longe” dos pais e, mais complicado, separar-se deles.
A hora de dormir é entendida por elas como a hora de separar-se dos pais, de seus irmãos, dos brinquedos, e de tudo o que poderiam estar a fazer. Por esta razão é que a criança vai deitar-se muitas vezes com a "birra".

O dormir é uma necessidade importante tal como é o comer, o beber...Por isso, como qualquer outra necessidade, o dormir sozinho também se aprende.

É claro que até uma determinada idade é normal e até benéfico quer para os pais quer para a criança esta partilha de "quentinho bom" mas...a partir da altura em que a criança já anda, já é mais autónoma, já precisa de se afirmar(a partir de 1/2 anos), o dormir sozinho é um importante passo na sua autonomia e, para os pais, é o recuperar da sua intimidade.

Muitas vezes centramo-nos na criança,,,no que é bom para a criança, no que é benéfico para ela, no que podemos fazer para ela ser feliz, para ela não chorar, para ela se sentir amada... Esquecemos muitas vezes que, para a criança sentir todas essas coisas, a estrutura familiar tem de estar equilibrada e em harmonia! Um casal que deixa de ser casal e de ter intimidade para o "bem" da criança, perde uma importante parte de si, logo,não está emocionalmente bem para a criança...As crianças precisam do nosso bem estar para que elas possam estar bem, por isso, tenha momentos de prazer com os seus filhotes, deixe-os ir um pouco para a vossa cama antes da hora de dormir (deve sempre existir uma hora de dormir), deixo-os partilhar a vossa cama de manhã ao acordar mas NUNCA se percam enquanto casal porque é dessa maneira que o vosso filho necessita de vocês..enquanto casal que, de forma sincrónica estão juntos e disponíveis para os protegerem e para os cuidarem.

É verdadeiramente fundamental a criança perceber a existência de espaços...existe o espaço da mãe, do pai, do casal e de todos enquanto família... percebendo estes espaços o EU da criança constrói-se de forma muito mais harmoniosa e saudável

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

terça-feira, 2 de abril de 2013

O PAPEL DOS “OUTROS” ADULTOS DE REFERÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA




Sem sombra de dúvida, principalmente até determinada idade, os pais são os principais “construtores” da auto estima da criança. É através deles que a criança se vai vendo como capaz (ou incapaz), como competente (ou incompetente), como importante ( ou como alguém sem importância).

No entanto, a partir de determinada idade (por volta dos 5-6 anos) os pares e os outros adultos de referência à sua volta começam a ter também um papel muito importante nessa construção...é aqui que entram os educadores, os professores, os treinadores dos vários desportos que a criança possa praticar e que passam, também eles, a ter um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, principalmente a nível da mediação do desenvolvimento e do incentivo à autonomia da criança.

Para ajudar a criança é fundamental que todos estes técnicos tenham a consciência da importância do seu papel…eles são realmente figuras que marcam…podendo marcar pela positiva…ou pela negativa….

Para marcarem pela positiva, é fundamental que estas importantes figuras de referência e de construção do EU da criança respeitem os estádios de desenvolvimento da criança sem ultrapassar etapas, considerando o ritmo e a necessidade de cada criança como ser individual.
Da mesma forma, é muito importante que valorizem e escutem a criança pois apenas dessa forma conseguem dar a sua contribuição para a sua auto estima e para o seu bem estar psíquico.

A criança precisa perceber que estas figuras de referência para si acreditam nela, a valorizam pois só assim é possível o desenvolvimento da autonomia e da confiança na criança.

Termino com uma excerto que achei fabuloso, retirado do livro “Crianças, Famílias e Creches, uma abordagem ecológica da adaptação do bebe a creche”, e que descreve na perfeição tudo o que atrás ressalto…

“ O educador, o professor, o treinador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de confiança e de prazer através da atenção, gestos, palavras e atitudes.
Deve ser alguém que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança sentir-se protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem suficiente maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o desenvolvimento da autonomia e autoconfiança sempre que possível.
Deve ser alguém verbalmente estimulante, com capacidade de empatia e de expansividade, promovendo a linguagem da criança através de interacções recíprocas e o seu desenvolvimento sócio emocional”.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil