quinta-feira, 27 de junho de 2013

Palestra - Como Ajudar a Criança a Evoluir Emocionalmente através do Brincar - Actividades Práticas.



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O CRESCIMENTO FAZ-SE POR "ESCADINHAS"....QUE O BRINCAR AJUDA A SUBIR!!!

Gosto sempre muito de usar a analogia das "escadinhas" para descrever a evolução da construção do EU da criança...

Elas têm de passar por todos os degraus, para que essa construção seja feita de uma forma saudável e securizante...Caso assim não aconteça, a criança vai ficar, na sua evolução, com um vazio, uma falha, que pode ter repercussões serias, mais tarde, a nível da sua construção pessoal, social e emocional.

O brincar tem um papel fundamental nesta evolução, nesta subida de "escadinhas". 

Para cada idade há diferentes etapas que a criança tem de ultrapassar, vivenciar para conseguir avançar nas suas "escadinhas". A minha proposta é, através de atividades praticas, mostrar, na pratica, aos pais, quais as brincadeiras mais adequadas a cada idade e a cada fase em que a criança se encontra...

O brincar é a linguagem universal da criança e, sem dúvida, é através dele (do brincar) que podemos ajudar os nossos filhos nesse processo que nem sempre é fácil, que "acode" pelo nome de CRESCER!

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

Hospital Particular do Algarve

segunda-feira, 20 de maio de 2013

COMO ENSINAR UMA CRIANÇA A FAZER AMIGOS



Às vezes sente que o seu filho prefere estar com adultos do que com crianças da idade dele? Sente que ele até quer fazer amizades mas depois não as consegue manter?

Se este sentimento existe, tem de fazer alguma coisa pois claramente o seu filho está com dificuldades a nível do seu processo de socialização o que é mau para ele em varias aspectos, principalmente a nível pessoal, pois a imagem que ele constrói está também muito relacionada com o que ele sente que os outros pensam em relação a si.

Obrigar os seus filhos a fazerem amigos não adianta de muito. Para conseguir obter o resultado desejado tem que saber lidar com esta situação naturalmente .

As formas de carinho que os familiares mostram às crianças são diferentes das formas dos amigos. E, ter amigos oferecerá independência e ajudará no desenvolvimento da criança. Se para algumas crianças fazer amigos é algo que lhes “sai” naturalmente, para outras crianças é mais complicado. Então ai entramos nós, os pais, sendo o nosso papel ensinar o nosso filho a fazer o que ele não está, de forma imediata e natural, a conseguir fazer que é...FAZER AMIGOS.

Como sempre, o nosso melhor “ensinamento” aos nossos filhos é o limite...O limite é fundamental para que ele entenda que deve respeitar o espaço do outro e, só assim conseguirá fazer e manter os amigos.

A criança precisa desenvolver o seu EU de uma forma segura, de uma forma que lhe permita autonomizar-se do adulto confiante e sem medos...O fazer amigos serve para mostrar às crianças que existem outras formas de afeto além da família. E isso ajuda, sem duvida, na sua independência em relação ao adulto e no seu desenvolvimento emocional.

Sendo assim aqui ficam algumas dicas para o conseguir:
• Ajude o seu filho a perceber que os amigos não se “apanham”...os amigos tem de ser conquistados. Temos de fazer para os merecer....! Para os merecer existem varias coisas que podemos fazer...

• Respeitar os outros à nossa volta...não gozar, não fazer piadas, nem chamar nomes...Isso é ser “repelente” de amigos...Todos gostam de ser respeitados e, quando o são, sente-se felizes e querem estar ao pé de quem os respeita....Converse acerca disso com o seu filho!

• Ensine o seu filho a partilhar as suas coisas...a partilha gera troca de brinquedos, troca de brincadeiras e , logo, gera amizade!

• Ensine o seu filho a perceber o “agora tu, agora eu”, ou seja, ensine o seu filho a dar a vez, brincando ora ele, ora o colega. Pode estimular este tipo de ação através de algo tão simples como a construção de uma torre em casa.....Estimule o seu filho a deixar que por cada vez que ele coloca uma peça, o pai/mãe deve colocar outra, continuando assim até a torre estar muuuito alta! À medida que vai fazendo esta ação vá dizendo agora tu ( e dê a vez à criança), depois diga “agora eu” e mesmo que a criança queira ser ela a colocar a peça, não permita e torne e repetir com calma “não filho, agora é a vez do pia/ mãe..lembras-te...agora eu, agora tu....”

• Existe livros muito interessantes sobre esta temática do fazer amigos...leia para o seu filho e converse com ele sobre a leitura...um livro bem interessante é o “Vamos fazer amigos” da AMBAR.

• Não dê tudo ao seu filho. Este é um erro comum entre todos os pais e o resultado disso é uma criança completamente centrada em si, sem capacidade para se colocar no lugar do outro, tornando-se chata para os outros, seus pares, precisamente porque quer que tudo seja à sua maneira. Estabeleça-lhe limites!

Se acha que já fez tudo isto e a curto/médio prazo não vê resultados, se vê que o seu filho se mantém demasiado reservado, então o melhor é levá-lo a um psicólogo. Caso ele esteja constantemente ansioso, fique incomodado com pessoas, chore compulsivamente por não querer ninguém, então está mais do que na hora de o ajudar.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Hospital Particular do Algarve - Alvor

A DISCIPLINA E A IMPOSIÇÃO DE LIMITES....




A disciplina é mais do que dizer “Faz isto porque eu estou a dizer“!

Sugiro uma pequena reflexão aos pais, para este final de Domingo...

Pensem nesta situação como se ela se passasse com vocês, pais...
Se o vosso patrão vos mandar/ordenar fazer alguma coisa, vocês até fazem mas, não o fazem com a mesma motivação que o fariam se o vosso patrão em vez de ser agressivo, dialogasse convosco e vos pedisse de forma gentil, explicando o porquê do seu pedido!

O mesmo se passa com o vosso filho....Se em vez de disciplinarem com o "Sim porque eu mando", ajudarem a criança a organizar o seu pensamento e a entender o porquê desse pedido, de certeza que a criança o vai realizar de uma forma muito mais empenhada e sem "birras".

Quando nos dizem para fazer algo de forma agressiva, a chamado imposição de limites através da educação autoritária, o que vai acontecer é que vamos obedecer por medo de ser punidos e não por percebermos realmente a tarefa ou nos motivarmos para ela....

O mesmo se passa com uma criança. Se o tipo de limite que usa com ela é o autoritário, corre o serio risco da criança obedecer apenas por medo, sem respeito pela sua pessoa, com a agravante de que não a está a ajudar a elaborar uma actividade reflexiva e orientadora da sua atitude.

Não há formas de impor limites perfeitas, nem técnicas perfeitas...Existem sim formas que nós, pais, percebendo o que o nosso filho precisa para crescer de forma saudável, podemos fazer.

Sem duvida, para crescer de forma saudável, a criança necessita ter autonomia para pensar. Para isso, é fundamental a clareza da comunicação e o estimulo do raciocínio...é necessário educar para a construção da autonomia!

ENTÃO....PENSE E ANALISE QUAL É O SEU ESTILO EDUCATIVO DOMINANTE...PENSE NAS CONSEQUÊNCIAS POSITIVAS E NEGATIVAS DO MÉTODO QUE ESTÁ A USAR E, REPENSE-O EM FUNÇÃO DISSO!!!!

Desejo um excelente momento de reflexão a todos os pais...os filhotes agradecem


Texto adaptado do manual para pais da palestra " A importância do não na auto estima da criança"

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Hospital Particular do Algarve

A PRÉ ADOLESCÊNCIA E A COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS....



Se para os pré-adolescentes esta fase de transições é difícil, não o é menos para os pais! Os nossos filhos passam de crianças meigas, carinhosas, amigas e preocupadas, para “outros filhos quaisquer”, que nós não reconhecemos, com caprichos, arrogância, mania de responder o que lhes apetece sem a anterior preocupação de magoar os pais! E há ainda a crescente necessidade de afirmação, que leva a atitudes desafiadoras da nossa autoridade enquanto pais ou a comportamentos desajustados!

Tudo isto é bastante complicado de gerir para os pais, sobretudo com o tempo (que cada vez vai sendo menos) para estarmos realmente disponíveis para eles, sem ser para nos estarmos a chatear porque o professor disse isto ou disse aquilo, ou porque não estudou, ou porque....sei lá mais o quê....!É um facto que muitas vezes o acompanhamento não é o que desejaríamos que fosse...

Há muitas mudanças a acontecer no pré-adolescente - físicas, emocionais e sociais. Os complexos com a imagem corporal, a necessidade de afirmação, o desejo de ser bem aceite entre os pares ou o despertar da sexualidade são algumas das dificuldades por que passam os filhos nesta idade e que, naturalmente, fazem eco nas preocupações dos pais.

Por outro lado, os pais sabem que a partir do momento em que os filhos começam a tornar-se adultos, a sua relação com os filhos mudará e têm receio de perder os «seus meninos».

A comunicação entre pais e filhos pode tornar-se muito difícil nesta fase. As mudanças inerentes a esta fase de transição alteram a forma como pais e filhos comunicam e se não houver um ajuste de parte a parte, é fácil criar roturas.
É fantasioso desejar uma comunicação aberta com os nossos filhos pré-adolescentes se não cultivamos um diálogo genuíno e fluido com eles enquanto crianças. Não nos podemos esquecer que já não são crianças pequenas (e por isso não os vamos tratar de forma infantil), mas também não os podemos tratar como se já fossem adultos (exigindo deles comportamentos que ainda não conseguem ter).

É um equilíbrio delicado, que se faz de vários avanços e recuos, sendo necessária muita paciência para que os momentos de sintonia e harmonia possam continuar a existir...Acima de tudo o importante é não «fechar portas».
Por vezes os pais pretendem «dar espaço» aos filhos ou acham que eles já não gostam ou não querem estar com os pais. É verdade que os filhos na puberdade começam a sentir uma necessidade de se afastar, mas isso não significa que não gostam dos pais ou que não querem saber da sua opinião.

No meio disto tudo, nós, pais, somos o adulto e, cabe ao adulto, organizar um pré adolescente que, pelo próprio conceito do nome, se entende que internamente deve estar um pouco caótico...Cabe-nos a nós, pais, manter a calma, respirar fundo por vezes, e não nos deixarmos irritar ou ficar zangados com as atitudes dos nossos filhos. Ignorar as perguntas que nos fazem, ser sistematicamente irónico com eles ou menosprezar os seus problemas e dilemas, só serve para os afastar de nós!

No entanto...ninguém é perfeito e...há dias assim...Hoje foi o meu dia.....Um mau dia de parentalidade...
Entre mil e um que foram bons e é ai que temos de nos centrar...Não somos perfeitos, erramos mas, também acertamos e, nos maus dias é importante lembrar aqueles que foram bons para ir rebuscar essa atitude que permitiu que, nessas mil e uma vezes boas, tudo corresse bem...

Desistir? NUNCA!

Estar disponível para aceitar que na parentalidade estamos sempre a aprender? SEMPRE!

Nem sempre é fácil, porque de facto em algumas situações eles conseguem ser arrogantes, e magoam-nos a sério mas, no fundo, eles também estão magoados...Existe um imenso desfasamento entre o desenvolvimento do corpo e das emoções, e daí o seu comportamento oscilar entre comportamentos infantis e tentativas por vezes desastradas de imitar o mundo dos adultos.

É preciso paciência e firmeza na orientação do seu comportamento, até que «aprendam» a regular-se melhor... É esse exatamente o papel dos pais...Ajudar a regular o comportamento dos filhos, promovendo a sua crescente autonomia, mas garantindo também a sua segurança.

normal que, gradualmente, se possa começar a negociar com os filhos algumas regras e formas de funcionamento.
Podemos ser flexíveis no estabelecimento de regras, mas uma vez estabelecidas, devemos ser firmes no seu cumprimento. Um erro grave é estabelecer regras que sistematicamente são quebradas ou prometer castigos que depois não são cumpridos. É fundamental que os pais tenham muito cuidado com o que prometem!

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Hospital Particular do Algarve

quinta-feira, 9 de maio de 2013



E já temos data para a nossa primeira palestra para pais

Tema: A importância do não na auto estima da criança

Hora: 10.00 - 11.30

Data: 18 de Maio, Sábado

Local: Sala de Formação da SUBNAUTA

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COMO ENFRENTAR AS BIRRAS...

 
Hoje encontrei uma amiga que me deu o “mote” para o tema do artigo de hoje...



A maioria das crianças entre os 18 meses e os 4 anos têm aquelas birras quase incontroláveis que deixam os pais sem saber como agi...r. Nesta fase, as crianças testam ao máximo os limites dos pais.

A birra resulta da perceção que a criança tem de si como ser individualizado com vontades, mas que ainda não entende que, para viver em sociedade, tem que ceder.
Esta fase da 'afirmação do eu' faz parte do desenvolvimento normal da criança, do conquistar de uma identidade própria.

Trata-se de um conflito que se processa no interior da criança e que basicamente coloca em confronto a procura da autonomia, por um lado mas, a ainda dependência dos pais por outro.

Apesar de ser uma fase complicada, os pais devem encara-la com felicidade...significa que o vosso filhote está a crescer!

Eu sei que é também uma fase onde nós, pais, desesperamos e nos questionamos” o que estou a fazer de errado?, sendo a maior dificuldade o conciliar a compreensão, que visa proporcionar as trocas afetivas de que a criança necessita, com uma determinada firmeza...

Em primeiro lugar, não se oponha se não tiver a certeza que será capaz de ir até ao fim. Se decidir enfrentar a birra, deverá fazê-lo com calma e firmeza. Mas, sempre tendo em mente que firmeza não implica ser agressivo, pelo contrário, só vai ter resultados se aliar a firmeza à suavidade.

Nesta fase, é fundamental que os pais não tenham receio de dizer 'não'... A disciplina, o dizer não é também uma forma de amor e deve praticá-la sem medos...Arrisco mesmo a dizer que a disciplina é, depois do amor, o mais importante que se pode dar a uma criança.

Agora...Não é necessário tornar-se num pai ou mãe “general”. Aqui ficam algumas dicas....

• Explique sempre a razão do 'não'. Não são necessárias grandes explicações e basta explicar uma, duas vezes no máximo....quando mais voltas dá e mais explica. Mais a criança percebe que pode “jogar” consigo e vai testar os seus limites até ao limite!!!!

• Expresse empatia e diga-lhe que compreende perfeitamente o que ela está a sentir. Dê exemplos seus de quando era pequenina e como se sentia quando era contrariada mas que agora que é grande percebe que foi para seu bem. Por exemplo: “'Quando era pequena, a avó também não me deixava comer todos os doces que eu queria e eu ficava muito triste. Mas, também sei que, se comeres os doces todos vais ficar com uma valente dor de barriga, mas a mamã gosta muito de ti e não quer que te doa a barriguinha.'

• É preciso que vá fazendo a criança entender que as birras dela não farão mudar a opinião dos pais em relação ao que lhe estão a dizer e que, também, não altera em nada o amor que sente por ela.

• Após a birra, felicite SEMPRE a criança por se ter decidido pelo bom comportamento.

• Se mesmo assim não resultar, ignore-a por alguns minutos e continue o seu percurso. Às vezes as birras não são mais do que um mero espetáculo...espetáculo esse que só funciona enquanto há expectadores... É claro que nem sempre é possível ignorar, principalmente quando a criança toma atitudes que a podem colocar em perigo e ai, a solução é mesmo conduzi-la pela sua mão e avisá-la que mais tarde será penalizada. As “penalizações” deverão ser adequadas à idade da criança e levadas até ao fim.

• As birras são também frequentes nas horas da refeição. Não insista ou valorize de mais a situação. Quando o seu filho tiver fome, com certeza vai comer tudo num ápice. Numa atitude de desespero pode sentir-se tentado a oferecer alimentos mais atraentes mas não caia em tentação. Será a pior coisa que pode fazer porque assim a criança vai sempre “jogar” para comer só o que quer.


A birra permite também à criança lidar com os seus sentimentos e a auto controlar-se. Se usar as estratégias atrás referidas, a criança vai, gradualmente (com as crianças, tudo é muito gradual e os efeitos da nossa atitude não são imediatos) aprender a auto regular-se, a auto gerir a sua frustração... Incentive-a a fazê-lo com os seus próprios recursos... não vá logo a correr tentar acalmá-la. Dê-lhe espaço para ser ela a descobrir a sua forma de se calmar...Sempre que possível ignore para a criança perceber que não é esse o caminho para chegar até ao que quer...Dê-lhe espaço para perceber que o caminho terá de ser outro!


• Só com firmeza as crianças aprendem a respeitar as regras propostas pelos pais. No mundo em que vivemos, que se rege por regras, o melhor é aprender a aceitá-las logo desde pequenino.


Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

OS LIMITES E A AUTO ESTIMA...



São as rotinas, o respeito, os limites que por um lado se impõem (pelos pais) e por outro lado se respeitam (pelos filhos), que promovem o diálogo e liberdade de
expressão, o suporte afectivo, o mimo e o elogio...
E são todas estas "coisas" boas que fazem com que inicialmente a criança e posteriormente o adolescente saiba que tem um lugar no mundo especial, o lugar especial que tem na sua família.

Permitem também que a criança saiba até onde deve ir e o porquê dessas balizas, para que as coisas façam sentido. Tudo isto vai ajudar a que não se sinta perdida e a que saiba que ali, em casa, no lar, na família encontrará as respostas às perguntas que se vai fazendo enquanto ser humano, que avança cresce, tanto física como psicologicamente.

Esse desenvolvimento é feito com outras ajudas: A educação escolar; os amigos; os colegas; ou até mesmo os vizinhos de bairro. São tudo formas de aprendizagem.

Em relação a esta temática, do crescer emocionalmente, Pedro Strecht utiliza uma expressão que acho fabulosa....ÂNCORA!!!!

Segundo o pedopsiquiatra "...para se aventurarem no conhecimento e descoberta as crianças precisam de sentir a casa e a família como uma ÂNCORA, a base segura à qual se referenciam e de onde vem a estabilidade emocional interior que lhes permite um equilíbrio entre a dependência e a autonomia..."

Na realidade, se fracassam constantemente ou são frustradas nas suas tentativas de autonomia, a sua auto-estima ressente-se.

Uma criança com elevada auto-estima é sociável e popular com os seus colegas, confia mais nas suas próprias opiniões e julgamentos, está mais segura das percepções de si própria, é mais assertiva nas relações sociais, mais ambiciosa e obtêm melhores resultados académicos.

No entanto, para que isso aconteça, as crianças precisam da tal ancora de que fala Pedro Strecht, precisam de sentir que existe um espaço especial onde há disponibilidade para elas, um espaço onde elas são ouvidas, têm atenção, tempo,dedicação, esperança, e adultos que desfrutam de tudo isto com elas.

Necessitam também da outra vertente...necessitam de normas, de conceitos que as ensine a debater, a aceitar a crítica, a rir-se de si mesmas; e isto não é possível se os pais estão sempre ausentes, ou se quando estão presentes não se dedicam a elas.

Fátima Poucochinho
Psicóloga imfanto Juvennil

DEPRESSÃO INFANTIL….EXISTE????



A Depressão é uma doença grave que, de facto, nos adultos é mais fácil de ser diagnosticada. Um adulto queixa-se e, mesmo que não o faça, as suas atitudes revelam que não se sente bem. 
Com as crianças, é diferente. Elas aceitam a depressão como um fato natural, próprio da sua maneira de ser. Embora esteja a sofrer, a criança não sabe que aqueles sintomas são resultado de uma doença e que podem ser aliviados.

Cada criança reage à sua maneira e recorre a diferentes mecanismos de defesa, dai a dificuldade em elaborar um diagnóstico fidedigno…É fundamental a elaboração de diagnóstico diferencial ou seja, analisar, não só em função do seu comportamento, mas, enquadrar tudo num “bolo” que inclui contexto familiar, escolar e pessoal e, então, a partir dai elaborar o diagnóstico. É analisando esse “bolo”que vamos realmente ver se estamos perante um quadro depressivo ou se se trata de outra questão.


• Assim, algumas crianças somatizam o sofrimento e queixam-se de problemas físicos, porque é mais fácil explicar “sentires” concretos, orgânicos, do que um “sentir” emocional.

• Outras retraiem-se e o desejo de exploração do ambiente, que é normal e faz parte do desenvolvimento saudável das crianças, desaparece. Podem ficar mais paradas, apáticas, com muito medo de separar-se das pessoas que lhe servem de referência, como o pai, a mãe ou o cuidador.
• Outras agitam-se de forma tão excessiva para não pensar no que dói, que acabam por ser rotuladas (e muitas vez medicadas) como hiperactivas.
• Outras ainda, perdem a iniciativa e, apesar de apresentarem Q.I. adequado à idade, não conseguem aprender.

Em contexto escolar, onde trabalho, este é o factor mais evidente…o deixar de conseguir aprender mesmo tendo excelentes competências…normalmente este factor surfe associado a questões comportamentais…ou muita agitação ou…agitação de menos!

• Outro factor que pode ser sinal de que algo não está bem é o sono…é suposto uma criança chega ao fim do dia cansada e, cai na cama a dormir (cada qual ao seu ritmo e respeitando a agitação própria de cada criança enquanto ser individual) … Não é normal a criança levar às voltas na cana até conseguir adormecer, nem é normal acordar assustada várias vezes durante a noite de forma consecutiva!


A situação complica-se quando, a partir daqui se gera uma bola de neve difícil de controlar…não aprendo…sou burro…auto estima baixa…insegurança e, por fim…angústia e revolta!

Se a criança não for adequadamente avaliada, o que vai acontecer é que vai crescer e “rigidificar” em si este modo de funcionamento…chega então, neste estado, à idade do armário…A ADOLESCÊNCIA!

NA ADOLESCÊNCIA
A criança só consegue usar as suas defesas até dada idade…a criança idealiza, a criança nega, a criança constrói na sua mente um real mais aprazível mas…quando o seu cérebro amadurece mais estas defesas deixam de ter efeito e a criança simplesmente,,,cai…! Ela acaba por perceber que afinal viveu uma vida que não era real e, quando se depara com o real, acabou por, ao fugir dele, não conseguir criar ferramentas para com ele lidar. A tristeza instala-se, o sentimento de desesperança também e, a criança, agora adolescente, acaba por conformar-se com esse modo de viver, de estar, que entretanto interiorizou.

São jovens claramente mais propensos ao uso de drogas, porque vão procurar alguma coisa que alivie esse desconforto permanente. “Eu também tenho o direito de ser feliz”…E mais uma vez entram num falso real, numa falsa felicidade que, afinal, foi o que sempre fizeram e por isso não sabem sair deste ciclo!

Juntar o imediatismo próprio do adolescente com o alívio momentâneo que a droga dá, é um caminho que passa a falsa impressão de que o problema está resolvido. Isso torna a situação mais difícil ainda...

Em relação à sintomatologia depressiva na adolescência, ela é bem diferente do que na infância, existindo mesmo diferenciação em relação ao modo como se manifesta nos rapazes e nas raparigas.

O rapaz não internaliza as emoções como a rapariga, que se tranca no quarto e chora. Geralmente, o sintoma mais evidente nos rapazes é a agressividade..., ficam na defensiva o tempo todo e parecem zangados com o mundo!
Basta alguém dizer bom-dia, para acharem que o estão a acusar de alguma coisa. Rebeldes e desafiadores, estão permanentemente em confronto. Criam problemas na escola, em casa e entram em conflito com as figuras hierárquicas. Irritam-se com muita facilidade e essas reações, às vezes, são confundidas com algum transtorno de comportamento.
Na realidade, o adolescente deprimido age como se a melhor defesa fosse o ataque… Se conseguimos ultrapassar essa barreira, ele acaba por mostrar a sua angústia e… chora.
Crescer é doloroso. Só crescemos quando o incómodo é maior do que o medo da mudança. Aí, ganhamos iniciativa, coragem e damos um salto. Isso acontece ao longo da vida e na infância inteira.

Por vezes esse salto não é dado e isso nem sempre implica um quadro depressivo.
Atenção!... Apesar de actualmente a “necessidade” de rotular e dar nomes ao que muitas vezes é apenas uma fase, estar muito na moda, muitas vezes os “rótulos” são usados com liberdade demais…. Basta um pequeno problema, uma desfeita, um desencontro emocional, uma discussão de amigos, um ar mais tristonho, para imediatamente vir à baila a tão falada DEPRESSÃO!
Não tem que ser assim….tristeza é diferente de depressão…Se for muito persistente procure ajuda e antes de “rotular” desadequadamente, aconselhe-se com um técnico especialista, no caso um psicólogo clínico!

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

domingo, 21 de abril de 2013

A CRIANÇA TÍMIDA E CONSEQUÊNCIAS NO FUTURO...



Muitas crianças são tímidas...Apresentam uma postura caracterizada por uma maior dificuldade nas relações interpessoais e uma tendência estável e acentuada de fuga ou evitamento do contato social com outras pessoas.

Assim, podemos dizer que uma criança tímida é uma criança que internaliza o seu sentir, as suas emoções e o seu pensar...é uma criança que coloca para dentro e não consegue exprimir-se para os outros.

O que algumas pessoas desconhecem é que, por vezes, a timidez pode revelar-se através de outros comportamentos como a agressividade. É assim como que o escape da criança...a sua forma de “desacumular” tensões, existindo, neste ponto de vista, uma exteriorização de sentires...não do seu sentir, não dos seus pensamentos...é como um rebentar mas que não diz nada em relação à criança em si e aos seu estar!

A timidez, enquanto comportamento que fica só “para dentro” não causa muita “mossa”, chegando mesmo, por vezes, principalmente em contexto escolar, por ser reforçado...são crianças que não chateiam, não incomodam e que permitem menos barulho na sala...
De facto, a timidez enquanto comportamento “internalizante” não chama muito a atenção dos demais, visto que o prejudicado é o próprio indivíduo, ou seja, a criança.

A dificuldade relacional de que falei em cima pode ser vista de varias maneiras:
• Baixa sociabilidade,
• Baixa aceitação social,
• Timidez propriamente dita e
• Estilo de relação passivo ou inibido.

Refiro-me à baixa sociabilidade quando falo de crianças que têm uma baixa motivação de aproximação social mas sem necessariamente existir um alto grau de evitação. São aquelas crianças que preferem estar no seu cantinho ...se alguém vier ter com elas tudo bem, se não...ficam sozinhas!

A baixa aceitação social tem a ver com o facto da criança ser excluída e/ou esquecida pelos colegas e é nestas crianças que muita vez a timidez se revela através de agressividade pois, ao sentirem-se rejeitadas, são muito mais vulneráveis a problemas exteriorizados.

Por outro lado, a timidez propriamente dita envolve aquelas crianças que estão motivadas à aproximação, mas também à evitação. Ou seja, elas gostariam de interagir com os outros, mas acabam por evitar o contato por varias razões, como o excesso de cautela e receio diante de avaliações e desaprovações.

Falta ainda falar no estilo passivo nas relações interpessoais e aqui o termo assertividade é fundamental...São crianças que, em função da sua timidez, acabam por se anular perante os outros, mesmo tendo o direito de posicionar-se e mostrar-se perante eles.

Uma pessoa passiva, portanto, é uma pessoa dita inibida, introvertida, que muitas vezes se frustra por não conseguir atingir os seus objetivos. Sem expressão própria, há sempre alguém que, os se adianta para resolver os seus problemas ou a decidir por ela e, a criança, com medo de “estragar” a relação com os outros (ou de ser mal compreendida), acaba por adotar comportamentos de submissão, esperando que as outras pessoas percebam as suas próprias necessidades e anseios.
A partir daqui é fácil perceber que estas são crianças que se tornam extremamente influenciáveis pelos outros, precisamente pela ausência da expressão. São crianças facilmente manipuladas e controladas pelos seus pares e com muita dificuldade em defender os seus próprios direitos e anseios. Ou seja, poderão aceitar brincar a jogo que na verdade não gostam, comportar-se em discordância com os seus valores e opiniões para evitarem a exclusão social!

É relativamente fácil observar quando uma criança apresenta sintomatologia de inibição, timidez e começar desde cedo a trabalhar para que o atrás descrito não se torne realidade...Por exemplo:
• Os tímidos costumam manter-se mais quietos em comparação aos outros colegas,
• Não tiram dúvidas em contexto sala de aula,
• Não começam nem mantém diálogos com os seus pares,
• Em atividades de grupo costumam ficar calados e acatarem, sem argumentar, as opiniões dos outros,
• Isolam-se dos outros e/ou interagem bem menos do que seria esperado para a sua faixa etária.

Muitas vezes, tais comportamentos são acompanhados de níveis significativos de ansiedade, preocupações e pensamentos negativos diante de contextos interpessoais que impliquem avaliação dos demais (como ler em voz alta, resolver um problema no quadro, fazer uma apresentação de um trabalho.

Manifestando-se na infância, mas sem reversão do quadro, as dificuldades são passadas para as fases posteriores do desenvolvimento, muitas vezes mais graves. Já na fase adulta, as então crianças tímidas provavelmente terão dificuldades a nível da sua autoestima, no mercado de trabalho e também no âmbito relacional-afectivo.
Sem se posicionarem adequadamente, aceitarão o que de fato não querem (como uma relação afetiva sem perspectivas), submeter-se-ão a situações aversivas por não conseguirem resolver problemas , assim como também poderão ter dificuldades em fazer amizades.

Como qualquer outro comportamento, o critério para que um padrão seja considerado um problema é haver prejuízo em algum âmbito da vida. Assim, se a timidez passa uma maneira reservada de interagir para algo que prejudica a socialização e/ou o desempenho acadêmico, recomenda-se procurar ajuda profissional, de modo a evitar o agravamento do quadro para situações patologicamente mais complicadas.

Para os pais, como forma de ajudar as crianças tímidas a lidarem com a sua timidez (uma vez timido, sempre tímido...não se mudam personalidades, ajuda-se as crianças a lidarem e a gerirem as mesmas da forma o mais saudável possível) recomendo a pratica desportiva e/ou atividades artísticas, de acordo com o que suscitar mais interesse na criança.

Em relação à escola, após detectados os sinais, existem varias estratégias. Deixo-vos algumas sugestões que espero que ajudem:
• Valorizar mãos o colocar o dedo no ar do que propriamente dar realce ao facto da resposta estra errada ou certa
• Dar reforço positivo sempre que a criança se atreve a fazer uma “intervenção”
• Dar-lhe espaço...não dar a resposta por ela se ela não responder logo mas ajuda-la a chegar à resposta por si
• Respeitar o seu ritmo e a sua timidez e não a expor perante os outros

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

sexta-feira, 19 de abril de 2013

CONTEXTO FAMILIAR SINCRÓNICO E ASSINCRÓNICO E CONSEQUÊNCIAS NAS CRIANÇAS



O contexto familiar afeta de forma muito significativa a efetividade dos estímulos discriminativos aos quais a criança responde, bem como a efetividade dos reforçadores disponíveis no ambiente.

Assim, numa estrutura assincronica, ou seja, onde pai e mãe não se entendem e um diz A e o outro diz B, acaba por gerar-se um ambiente sentido pela criança como caótico, caracterizando-se o mesmo por respostas pouco coerentes e pouco consistentes que acabam por baralhar a criança e não gerar nela a segurança necessária para crescer de forma saudável.
Crianças que vivem em contextos destes são crianças que tem mais dificuldade em respeitar regras, em adequar-se aos diferentes contextos onde se integram e apresentam mais dificuldade em estabelecer relações sociais saudáveis com os seus pares.

Por outro lado, uma estrutura familiar que funcione de forma sincrónica, ou seja, onde pai e mãe tomam decisões ponderadas entre os dois e onde ambos se respeitam e conversam sobre as estratégias a delimitar com os filhos, existe uma muito maior probalidade da existência das chamadas “respostas de obediência”, ou seja, existe uma muito maior probalidade da criança, em função de perceber o conceito de regras, limites e respeito, apresentar também ela comportamentos e posturas de acordo com esses valores. Neste ambiente, ou seja, no ambiente sincrônico, as reações parentais ao comportamento infantil são apropriadas, ou seja, acontecem "no tempo certo e da maneira correta", sendo uma das características do ambiente sincrônico a responsividade parental.

Basicamente o termo responsividade parental abarca 3 importantes conceitos:
• Os pais devem reagir de imediato, no momento em que acontece a situação problema;
• Devem reagir de forma consistentemente, ou seja, por cada vez que existe o comportamento problema a reação deve ser a mesma
• Devem reagir de forma coerente, ou seja, devem tomar a mesma atitude, SEMPRE que o comportamento problema é feito pela criança. Tomar uma atitude umas vezes, e não fazer nada noutras ,é pior do que não fazer nada!

Quanto mais responsivos forem os pais, maior é também a probalidade de ocorrência de obediência por parte das crianças, sendo claro que a obediência infantil, ou seja, o saber funcionar com regras e limites e respeitá-las nos vários contextos em que estão inseridos, é influenciado pelos padrões de respostas parentais.

Em suma, a capacidade de saber respeitar regras e de construir/adquirir uma boa estrutura emocional, equilibrada e saudável, encontra-se em relação direta com o modo como os pais se impõem perante a criança. Desta forma, a obediência ocorre como função direta de um contexto sincrônico composto principalmente por reações consistentes dos pais ao comportamento infantil...Quando a sincronia é alta, as crianças estão aptas a obedecer às instruções parentais e quando a sincronia é baixa, existe uma muito maior probalidade de se gerarem comportamentos de oposição quer em relação às suas figuras de referência, quer em relação aos outros adultos à sua volta.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

domingo, 14 de abril de 2013

A ZANGA NAS CRIANÇAS…O QUE PODEMOS FAZER PARA A AJUDAR?



Todos nós, crianças ou adultos, temos sentimentos diferentes… Umas vezes sentimos alegria, outras vezes tristeza, outras vezes medo e, outras vezes, a zanga! 

A zanga ou raiva na criança não é mais do que um sentimento de protesto, de insegurança, de timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente-se ferido ou ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as crianças.
Quando bem gerida. é uma emoção útil e saudável, pois permite à criança pôr cá para fora toda a tensão acumulada de situações mal resolvidas, mal pensadas ou mal geridas… O problema é a forma com que, na grande maioria das vezes, a criança se comporta quando experiencia esse sentir… Algumas agem descontroladamente, outras agem destrutivamente, acabando estas reacções por ter como consequência prejuízos significativos a nível das relações tanto em casa, como na escola.

As crianças aprendem a lidar com a raiva, observando os adultos à sua volta, e em muitos momentos imitam-nos, por isso é importante que nós, adultos, também saibamos como lidar com a raiva de forma apropriada.


Aqui estão algumas dicas…:

Ajude a criança a perceber que a raiva é uma emoção natural… não há problema em sentir raiva…é importante é a criança perceber que sua raiva não pode (não deve) ferir os outros que nada tem a ver com a sua raiva.
Para aqueles que tem algo a ver com a sua raiva, com a zanga da criança, ou seja, que contribuíram para que a criança a sentisse, é importante que ela perceba que pode usar as palavras em vez da agressividade…Ensine-lhe a linguagem do EU para que ela saiba aplicar na relação com os outros"Eu não gosto quando gozas comigo…quando gozas comigo eu fico triste e zangado…” ou “ não gosto quando me chamas….. faz-me sentir mal e zangado”!

Incentive o seu filho a partilhar sentimentos consigo e esteja disponível, realmente disponível nesse momento…mostre-lhe que compreende a sua raiva ou frustração... diga-lhe mesmo, olhando-o directamente os olhos e expressando compreensão"Eu vejo que estás muito zangado.".
Para que o seu filho esteja disponível para partilhar sentimentos consigo, é fundamental que ele sinta que também os patilha com ele…se está triste…chore..não há qualquer problema em faze-lo perante a criança, pelo contraio, ajuda-a a perceber que não temos de esconder o que sentimos e que é normal e natural partilhar isso com as pessoas de que gostamos.

Para mim, a dica mais importante de todas..o exemplo!... Mostre comportamentos adequados ao seu filho ao lidar com a raiva. O que os pais fazem pode ser mais importante do que aquilo que dizem!!!!!.

Ajudar a sua criança a relaxar, ensinando-lhe algumas maneiras de se acalmar quando perceber que está irritada. Pode ser por exemplo tentar fazê-la desenhar ou escrever acerca dos seus sentimentos.

Os limites e as regras estão sempre presentes em tudo o que implica um crescimento emocional saudável…Estabeleça limites claros para que o seu filho saber claramente e de forma concentra quais os comportamentos que são aceitáveis e os que não são.

Gosto muito de, desde cedo (6/7) falar à criança acerca da sua capacidade de escolha…não há escolhas certas nem erradas…há as escolhas que cada um de nos, de forma ponderada fazemos para isso é preciso pensar que, para cada atitude que possamos tomar temos sempre dias opções (pelo menos): uma implica determinadas consequências positivas e negativas e, uma segunda, implica igualmente consequências positivas e negativas. Ajude a criança a pensar desta forma e deixe que seja ela a ponderar depois de analisar os prós e os contras, qual a melhor atitude…esta estratégia vai ser útil para toda a vida, promovendo a capacidade de iniciativa e a competência para a tomada de decisões.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A AUTONOMIA DA CRIANÇA E O PAPEL DOS PAIS


 
"...É inevitável que, diante de tantas adversidades de um mundo em constante mutação e com tantas intercorrências, tenhamos buscado na escola e na família um modo de proteger os nossos filhos – aos quais tanto amamos – das ameaças do mundo moderno, criando um universo perfeito onde nada ou muito pouco pode atingir aqueles que temos como nosso bem mais precioso.

Por isso, aceitamos as suas ameaças, satisfazemos todas as suas vontades, preenchemos os seus quartos com brinquedos, oferecemos os nossos serviços a fim de privá-los do menor esforço e, sem percebermos, enquanto alimentamos todos os seus desejos, roubamos-lhes a oportunidade de construírem um bem muito valioso: A AUTONOMIA ".

Fátima Poucochinho

quinta-feira, 11 de abril de 2013

REGRAS E LIMITES ...

"...É a autoridade exercida pelos educadores (pais, professores, instituição) que permite à criança e ao jovem integrar os interditos fundamentais ligados à socialização.

Um adulto que permite tudo não é, para a criança, um adulto que lhe dê segurança. As crianças reclamam, aliás, esses limites quando levam os adultos ao limite (a "passarem-se da cabeça e agirem").

É como se a criança estivesse a levá-los a colocarem limites. E quando isso não se verifica, pode acontecer que seja a própria criança ou jovem a colocar o limite, em escalada, geralmente com o corpo, caindo, magoando-se, pondo-se em perigo. Sem autoridade a criança sentir-se-á insegura, deixada só nas perigosas marés da sua impulsividade e destrutividade, abandonada, negligenciada."

Por Maria Teresa Sá

quarta-feira, 10 de abril de 2013

AS CRIANÇAS E A ANSIEDADE.....

AS CRIANÇAS E A ANSIEDADE.....

As crianças são seres extremamente sensíveis ao que as rodeia, sendo que, muitos vezes, situações que para nós adultos, não nos causam qualquer transtorno, à criança pode perturbar de forma bastante significativa...Se este tipo de situações se for repetindo sem o adulto se dar conta, facilmente temos uma criança “transformada” num ser ansioso, com dificuldade em controlar as suas emoções e o seu estar.

Muitas vezes, o que acaba por acontecer é que a criança passa a viver no futuro em vez de viver no presente, ou seja, a preocupação e o centro das atenções da criança passa a ser o que VAI ACONTECER , e não O QUE ESTÁ A ACONTECER NO AQUI E AGORA...Isso é ansiedade...É o não usufruir adequadamente do presente por estar com uma preocupação constante com o que vai acontecer amanhã, ou depois de amanha ou para o outro fim de semana.

O convívio em casa com a família e o modo como a criança vê os adultos reagirem e lidarem com o seu próprio dia a dia, exerce uma função importante no comportamento desta e na sua postura perante a vida. Como sempre digo...O EXEMPLO É A MAIOR FONTE DE APRENDIZAGEM!NO exemplo dos pais é fundamental para que a criança aprenda a controlar de forma equilibrada as suas emoções.

Esta aprendizagem é de tal forma “potente” que, bebés recém-nascidos podem, desde cedo, aprender e desenvolver alterações de ansiedade por influência da mãe.

Até os 7 anos, a criança está num nível de desenvolvimento muito primitivo, muito centrado em si, e a família é o alicerce para as suas aprendizagens morais, afectivas e emocionais.
Se no dia-a-dia, a criança presencia discussões entre os pais, ou extrema preocupação dos pais com situações do dia a dia, por exemplo, é provável que se sinta insegura e ansiosa também. Ora se os pais, que são (ou deveriam ser) a sua fonte securizante, o seu porto seguro deixam de o ser, como pode a criança construir-se com segurança? Como pode ela construir o seu EU de uma forma confiante?

Como os pais podem ajudar os filhos
- Ensine o seu filho a respirar bem devagar, para que ele se acalme. Pode ensinar-lhe a respiração abdominal ou respiração pela barriga que é extremamente relaxante e simples de executar ...Quando a criança (ou adulto) inspira, deve colocar todo o ar na barriga e fazer um balão...quando expira, deve jogar o ar todo fora, empurrando o umbigo para dentro, sendo que a inspiração e expiração são sempre feitas através do nariz!

- Se nota que a criança vive muito centrada no que vai acontecer em vez de pura e simplesmente viver o aqui e agora, explique o que vai acontecer para que ela se acalme mas, sem grandes explicações e sem muita conversa. Explicando uma vez (2 vezes no máximo) a criança percebe perfeitamente!...Não valorize esse comportamento da criança centrando-se nele e levando horas a fio a falar com ela sobre isso...Acalme-a, relaxe-a mas, encontrando um meio termo...Se leva muito tempo a falar com a criança sobre o assunto, está a mostra-lhe que isso a incomoda também, e ai gera-se um ciclo complicado de ansiedade de criança que provoca ansiedade nos pais que por sua vez gera mais ansiedade na criança;

- Converse com o seu filho. Se perceber uma mudança no seu comportamento, ajude-o a expressar-se, a nomear o que está a sentir...Se vê que a criança não se consegue expressar falando utilize imagens e peça para que ele aponte qual a imagem com que se identifica ( se com a imagem do menino triste, feliz, zangado, etc.) Aprofunde de forma “soft” as emoções, os sentires e verbalize que por vezes, também a mãe, ou pai, tem sentires mais desconfortáveis mas, que os tentam resolver...Pode ser uma boa altura para reforçar a respiração abdominal!

- Proponha atividades físicas. Elas relaxam e ajudam a criança a centrar-se no presente.

- Tenha atenção....Se perceber que a rotina e o desenvolvimento da criança estão prejudicados em função da ansiedade que ela manifesta, é importante consultar um psicólogo para que seja efectuada uma adequada avaliação e para que sejam dadas aos pais estratégias mais especificas para o seu filho em particular

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Gritar, ameaçar e humilhar uma criança são atitudes tão nocivas quanto bater....!



Educar não é uma tarefa nada fácil ...Os filhos não trazem livro de instruções.... Ouve-se muito agora falar nos malefícios do bater na criança....Sim, de facto é muito prejudicial para um crescimento saudável mas, não é só o bater que é prejudicial e traumático. As alternativas que alguns pais vão arranjando como formas de educar, como o gritar, castigar, ofender, humilhar são tão ou mais nocivos do que uma bela “palmada pedagógica” (bem diferente do esbofetear)!
Quando gritamos, ofendemos, dizemos o que devíamos e o que não devíamos, além de colaborar para que as crianças cresçam com medo e com uma baixa autoestima, acabamos também por afastar-nos delas.
O gritar, ao contrario do que se possa pensar, não revela autoridade nem provoca na criança respeito...provoca antes medo e revela um adulto descontrolado...ou seja...a criança fica insegura porque não sente o seu meio como equilibrado, seguro mas sim como algo em completo descontrolo...Onde deveria ser o seu porto de abrigo, e o seu local de busca de soluções para o seu próprio descontrolo, acaba por transformar-se num local onde sentem pais desesperados para se fazerem obedecer.
A violência verbal é tão agressiva quanto a física, principalmente se os gritos tiverem uma conotação de ameaça: "Qualquer dia vou-me embora e não volto mais!", "Ainda vou ter um ataque por causa de ti". Diante de frases como estas, as crianças sentem-se responsáveis por coisas que não são.
Existe ainda uma questão a não esquecer...o rotular tem um efeito devastador para a autoestima da criança. Os pais são a figura de referência para os filhos...quando um pai ou uma mãe o chama de preguiçoso, vândalo ou inútil, por exemplo, eles acreditam...acreditam e integram como sendo uma verdade absoluta!
Até os sete anos, a personalidade está em formação. Qualquer termo pejorativo pode marcar para sempre. Tente corrigir ou apontar o comportamento, a atitude, nunca a criança como pessoa. Exemplos? É diferente quando dizemos “ Estou triste com o teu comportamento...o teu comportamento foi muito incorreto e não gostei dele! Do que quando dizemos “ estou triste e zangada contigo...és um menino mau”

Para as crianças, a opinião dos pais a respeito de suas atitudes, da sua performance ou mesmo de seus atributos de beleza e inteligência são muito importantes na construção de uma personalidade. Ao perceberem que os pais não a admiram, elas tendem a depreciar-se, o que pode culminar em casos de depressão, agressividade e fuga do convívio familiar.
Para além disso, como todas as crianças costumam copiar os pais, consequentemente, vão comunicar com os outros, seus colegas, seus professores e mesmo familiares, dessa forma!

Fátima Poucochinho

DISCALCULIA....


DICAS PARA O PROFESSOR.....

Evite mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando a sua fala;

Não force o aluno a fazer os exercícios quando estiver nervoso por não ter conseguido;

Explique à criança que as dificuldades que apresenta na matemática não acontecem porque ela tem um problema de inteligência mas sim porque tem dificuldade na descodificação dos símbolos (números)...mostre-lhe que a entende e que está ali para ajudá-la sempre que precisar;

Proponha jogos na sala para estimular a inteligência lógico-matemática através dos mesmos...os jogos irão ajudar na seriação, classificação,habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e, contagem;

Pode também utilizar jogos para fixar a conceituação simbólica das relações numéricas e geométricas, que "abrem" para o cérebro as percepções do “grande” e do “pequeno”, do “fino” e do “grosso”, do “largo” e do “estreito”,o “alto” e do “baixo”.

Não corrija os testes ou os exercícios com canetas vermelhas;

Procure usar situações concretas, nos problemas;

Permita que a criança utilize a calculadora;

Permita que a criança possa utilizar o livro da tabuada,

Realize questões diretas e, se mesmo assim a criança manifestar muita dificuldade, faça-lhe as perguntas oralmente para que consegui mais facilmente resolver o problema e minimizar os efeitos nefastos a nível da sua auto estima;

Fátima Poucochinho

Ter um amigo imaginário na infância é normal...


Veja algumas dicas para lidar com o seu filho nessa fase!

Na infância, conversar e brincar com um amigo invisível não deve ser motivo de preocupação para os pais. É muito comum que as crianças dos três aos seis anos inventem este tipo de fantasia. Faz parte do universo delas e é até muito saudável. As experiências de faz de conta ajudam as crianças a criarem recursos para lidar com situações reais, como as de conflito, amor, ansiedade, medo ou mesmo desenvolver a própria criatividade.
E não é só um personagem invisível que pode se tornar o melhor amigo do seu filho. Ele pode eleger um brinquedo ou um objeto que representa a figura humana e faz parte de sua rotina em casa ou na escola. A criança fantasia situações do quotidiano nas quais é ela quem tem o domínio da situação. Tendo o poder de controlar, sente-se importante e especial. Geralmente, imita falas e gestos dos pais, professores ou coleguinhas.
Quando o amigo imaginário surge é porque a criança precisa dele...é porque está a vivenciar alguma situação que a incomoda, que a perturba e que ela, não a sabendo resolver, opta por criar uma solução alternativa onde se sente mais acompanhada,, mais protegida!...trata-se, portanto, de um recurso natural, saudável e passageiro. A fantasia faz com que a criança se acalme quando está ansiosa, carente, com raiva ou sentindo medo. Muitas vezes, ainda, usam a voz de mentira para poder dizer coisas que não diriam normalmente.
O QUE PODEM OS PAIS FAZER
Ao descobrir, os pais devem aceitar e entrar na brincadeira, sem se preocupar ou interferir. É melhor tratar tudo com naturalidade. “É uma fase transicional, que ficará para trás quando o vínculo com o mundo externo estiver mais consolidado e for possível ter experiências seguras com um amigo real”. Os pais nunca devem ignorar os relatos do filho. Só é preciso estar atento ao que a criança diz e faz.
É um erro repreender a criança ou dizer abertamente que seu amigo é fruto da imaginação. “Só vai deixar a criança confusa e com tendências ao isolamento ou envergonhada, afectando muito a sua autoestima e, passar a mentir pode ser a saída quando os pais não aceitam o amigo invisível.
Porém, também é um engano incentivar a relação invisível. “A criança pode crer que a voz do amigo tem mais repercussão no ambiente familiar que a sua própria e corre-se o risco de que ela se sinta invadida em seu processo de criação. O espaço da fantasia deve surgir de forma espontânea, porque o filho demonstra interesse, e não por uma insistência da parte dos pais

Não se preocupe....Um belo dia, o seu filho vai dizer-lhe que o amigo se foi embora –e esse também é um processo normal. “Por ser uma fase passageira, normalmente, a criança encontra formas de abandoná-la sozinha. Se quiserem, os pais podem dizer que o colega foi viver a vida dele, que está bem, a divertir-se e aprendendo na escola. O importante é passar segurança ao seu filho de que o ambiente em que vive é bom.
SINAIS DE ALERTA
Esta fase, ou este recurso, vai, regra geral, até aos 6/7 anos....se a partir desta idade o amigo imaginário persistir é importante levar a criança a um psicólogo pois a criança pode ter perdido a noção do que é real e do que é imaginário e ai passa a apresentar um quadro já patológico que nada tem a ver com a imaginação fértil e saudável de uma idade mais tenra.

Fátima Poucochinho
 
EU QUERO!”

A partir dos três anos, expressões como «eu quero!», «eu posso!» e «eu faço!» começam a fazer parte do vocabulário da criança. É uma fase em que a criança vive centrada em si própria, é egoísta, possessiva e pouco tolerante... Necessita provar a si mesma que é capaz de fazer o que for sem a ajuda dos adultos, é por isso que age desta forma. Os pais não devem desesperar... É uma fase propria do desenvolvimento da criança e (felizmente) não dura a vida toda, revela apenas uma necessidade de afirmação e uma dificuldade em ver as coisas a partir de um ponto de vista que não seja o seu.
O que os pais podem fazer???
Nada de muito complicado.....Basta que ajude a criança a desenvolver, da melhor maneira possível, a sua maturidade emocional. Para isso, é fundamental:

Agir com firmeza

Não ceder aos caprichos da criança

Não perder o controlo...Se a criança está em descontrolo e o adulto (suposta figura de segurança) se descontrola também...é a desgraça!!!!!

Dialogue muito com o seu filho...Está a ensiná-lo que essa via, o conversar, é uma via possível e alternativa aos gritos e ao descontrolo

Mime, mime muito...não há limite para o mimar MAS, a acompanhar todo esse mimo tem SEMPRE de existir uma definição muito clara dos limites da criança e, claro, a palavra fundamental na educação infantil...O NÃO!!!!!

Fátima Poucochinho

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O NÍVEL DE EXIGÊNCIA QUE COLOCAMOS AOS NOSSOS FILHOS INFLUENCIA DE FORMA SIGNIFICATIVA A SUA AUTO-ESTIMA E A SUA CAPACIDADE DE INICIATIVA



As crianças precisam de regras, de limites e de rotinas…precisam de orientação para crescer, precisam que o exterior, através dos pais, seja uma fonte securizante de organização e bem estar.

No entanto, em tudo existe um meio termo…Se os pais são exigentes num nível além do que a criança consegue dar, isso será, sem dúvida, um agente potencilizador de stress.

É realmente, muito importante lembrar que cada criança reage de acordo com a sua personalidade. Muitas vezes, os pais são exigentes com um filho e tudo corre bem…com outro, o stress vem completamente ao de cima, e isto acontece porque cada um tem o seu ritmo, o seu potencial.

Os pais, geralmente, educam da mesma forma ou tentam fazer as coisas da mesma forma com todos os filhos. No entanto, cada criança é um ser único e individual, variando, de criança para criança, o seu potencial e ritmo de desempenho.

O problema surge quando esse ritmo pode não estar de acordo com a exigência que lhes é imposta pelos pais, o que vai gerar queda de auto estima…A criança pode sentir que não consegue corresponder ao que é esperado dela pelos pais, pode sentir que não agrada os pais e, tudo isso, vai afectar o seu desempenho a todos os níveis (pessoal, social e académico)

É claro que, de forma consciente, os pais não tomam esta atitude…A sua intenção é ajudar a criança a dar o seu melhor, a ser alguém na vida…O problema é que, muitas vezes, essa insistência da criança “dar o seu melhor”, é uma “amostra” do que os pais gostariam que os filhos fossem…É bom ouvir “o meu filho teve muito boas notas” ou “ a minha filha porta-se muito bem” e por vezes, a nossa necessidade (compreensível) de querer ouvir essas coisas faz com que exijamos aos nossos filhos o que eles por vezes não nos conseguem dar…Um modelo idealizado do que queríamos que ele/ela fossem.

O desejo de querermos o melhor para os nossos filhos é normal e penso que todos os pais o sentem, o problema é quando se torna obsessivo, criando rotinas de estudo alargadíssimas, com um nível de exigência também elevadíssimo…Ai temos um problema porque tal situação vai gerar na criança níveis elevados de stress.

Os sintomas vão variando ao longo desse processo. Podem começar com um medo grande em falhar, começando os pais a receber recados dos professores de que a criança não fala, não responde quando questionada, parece não se concentrar; depois surgem as “brancas nos testes” e mesmo nas aulas, sendo frequente o “esqueci-me”, depois passamos para situações que se evidenciam a um nível mais físico como taquicardias, mãos suadas, hiperactividade, dores de barriga transitórias.

É importante que, nós, pais estejamos atentos aos filhos reais e não aos filhos idealizados… Se uma criança é uma aluna mediana, não podemos (não devemos) força-la de forma obsessiva a passar a ser uma aluna de 5…Podemos (e devemos) ajudá-la a organizar métodos de estudo que a ajudem a manter-se por dentro da matéria, ajudá-la a desenvolver hábitos de estudo que não estimulem a “preguicite aguda” mas, ser obsessivos com isso é perigoso…A criança não consegue ir além da sua competência…Ela não o consegue fazer…As expectativas são demasiado altas e a criança sente isso e, esse sentir dói-lhe!!!!

Se calhar, se insistir muito mesmo muito, a criança, aluna mediana, até consegue chegar aos desejados “5” mas…a que custo??? Será que vale a pena? É uma questão que deixo em aberto….

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juveni

quinta-feira, 4 de abril de 2013

MÃE, PAI...POSSO DORMIR NA VOSSA CAMA?



Muitas crianças sofrem à noite com medo do escuro, dos imaginários “monstros”, etc. 

A função dos pais é proteger e cuidar...como tal. é seu papel ajudar a criança a aprender a superar os seus medos.Podem (e devem)fazê-lo ajudando a criança a perceber que os problemas se resolvem...não existe necessidade de fugir deles!!! 

É necessário muita paciência, mas também muita firmeza e persistência.

Tudo é uma questão de tempo... Quando a criança sente medo, é preferível que sejam os pais a ficar na cama da criança para tranquilizá-la, do que levá-la para a sua cama, para a cama do casal.

Dormir no seu próprio quarto, para a criança é estar “longe” dos pais e, mais complicado, separar-se deles.
A hora de dormir é entendida por elas como a hora de separar-se dos pais, de seus irmãos, dos brinquedos, e de tudo o que poderiam estar a fazer. Por esta razão é que a criança vai deitar-se muitas vezes com a "birra".

O dormir é uma necessidade importante tal como é o comer, o beber...Por isso, como qualquer outra necessidade, o dormir sozinho também se aprende.

É claro que até uma determinada idade é normal e até benéfico quer para os pais quer para a criança esta partilha de "quentinho bom" mas...a partir da altura em que a criança já anda, já é mais autónoma, já precisa de se afirmar(a partir de 1/2 anos), o dormir sozinho é um importante passo na sua autonomia e, para os pais, é o recuperar da sua intimidade.

Muitas vezes centramo-nos na criança,,,no que é bom para a criança, no que é benéfico para ela, no que podemos fazer para ela ser feliz, para ela não chorar, para ela se sentir amada... Esquecemos muitas vezes que, para a criança sentir todas essas coisas, a estrutura familiar tem de estar equilibrada e em harmonia! Um casal que deixa de ser casal e de ter intimidade para o "bem" da criança, perde uma importante parte de si, logo,não está emocionalmente bem para a criança...As crianças precisam do nosso bem estar para que elas possam estar bem, por isso, tenha momentos de prazer com os seus filhotes, deixe-os ir um pouco para a vossa cama antes da hora de dormir (deve sempre existir uma hora de dormir), deixo-os partilhar a vossa cama de manhã ao acordar mas NUNCA se percam enquanto casal porque é dessa maneira que o vosso filho necessita de vocês..enquanto casal que, de forma sincrónica estão juntos e disponíveis para os protegerem e para os cuidarem.

É verdadeiramente fundamental a criança perceber a existência de espaços...existe o espaço da mãe, do pai, do casal e de todos enquanto família... percebendo estes espaços o EU da criança constrói-se de forma muito mais harmoniosa e saudável

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

terça-feira, 2 de abril de 2013

O PAPEL DOS “OUTROS” ADULTOS DE REFERÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA




Sem sombra de dúvida, principalmente até determinada idade, os pais são os principais “construtores” da auto estima da criança. É através deles que a criança se vai vendo como capaz (ou incapaz), como competente (ou incompetente), como importante ( ou como alguém sem importância).

No entanto, a partir de determinada idade (por volta dos 5-6 anos) os pares e os outros adultos de referência à sua volta começam a ter também um papel muito importante nessa construção...é aqui que entram os educadores, os professores, os treinadores dos vários desportos que a criança possa praticar e que passam, também eles, a ter um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, principalmente a nível da mediação do desenvolvimento e do incentivo à autonomia da criança.

Para ajudar a criança é fundamental que todos estes técnicos tenham a consciência da importância do seu papel…eles são realmente figuras que marcam…podendo marcar pela positiva…ou pela negativa….

Para marcarem pela positiva, é fundamental que estas importantes figuras de referência e de construção do EU da criança respeitem os estádios de desenvolvimento da criança sem ultrapassar etapas, considerando o ritmo e a necessidade de cada criança como ser individual.
Da mesma forma, é muito importante que valorizem e escutem a criança pois apenas dessa forma conseguem dar a sua contribuição para a sua auto estima e para o seu bem estar psíquico.

A criança precisa perceber que estas figuras de referência para si acreditam nela, a valorizam pois só assim é possível o desenvolvimento da autonomia e da confiança na criança.

Termino com uma excerto que achei fabuloso, retirado do livro “Crianças, Famílias e Creches, uma abordagem ecológica da adaptação do bebe a creche”, e que descreve na perfeição tudo o que atrás ressalto…

“ O educador, o professor, o treinador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de confiança e de prazer através da atenção, gestos, palavras e atitudes.
Deve ser alguém que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança sentir-se protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem suficiente maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o desenvolvimento da autonomia e autoconfiança sempre que possível.
Deve ser alguém verbalmente estimulante, com capacidade de empatia e de expansividade, promovendo a linguagem da criança através de interacções recíprocas e o seu desenvolvimento sócio emocional”.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil


sábado, 30 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DO ELOGIO DADO NO MOMENTO CERTO, DA MANEIRA CERTA E NA MEDIDA CERTA...



Se a criação de regras, uma repreensão, um dizer não, o travar de um determinado comportamento são ferramentas da educação necessárias para o desenvolvimento do sentimento de segurança e confiança das crianças, os elogios também ocupam um papel fundamental nessa tarefa que é o educar...

Educar não é uma tarefa fácil, pois não é fácil saber sempre qual o momento ideal para fazer isto, para fazer aquilo...enfim, nem sempre é fácil perceber quando é o “momento certo” para dizer o não, para dar o castigo ou mesmo para elogiar....

E por isso, por vezes, algumas atitudes certas tornam-se erradas por falta de sentido de oportunidade. Uma brincadeira na altura em que devia haver uma rotina, um sim no momento em que é preciso o não, um castigo ou uma repreensão na hora que deveria estar reservada a um elogio, rapidamente podem perder o efeito pedagógico para passarem a ter um efeito contrário.

Em relação aos elogios, é importante termos a noção que, na verdade, existem sim momentos mais certos que outros para os fazermos os nossos filhos e que, sim, é errado elogiar em demasia, pois podemos correr o risco de perder o efeito tão benéfico que essa ação tem!

As crianças sabem reconhecer quando lhes estão a dar uma "palmadinha nas costas" para não ouvir o seu choro ou não perder tempo a desconstruir as suas frustrações. O elogio deve ser dado sempre que houver um comportamento que deva ser valorizado. Deve ser sincero para que a criança o sinta como verdadeiro e compreenda que atitudes deve ter no seu dia a dia.

O elogio é, sem duvida , uma ferramenta de relevo no desenvolvimento da autoestima e, o contexto familiar é aquele que primeiro influencia os mais pequenos. Mas, se usado de forma descontextualizada e excessiva, o efeito é o contrario...

Outro aspeto muito importante é ter em atenção que as crianças devem ser valorizadas por aquilo que conseguem e não em comparação com os outros. É importante que percebam que algumas pessoas têm mais capacidades para umas coisas que outras e que sintam que não é por terem piores resultados que os pais vão gostar menos delas. Devem ter a ideia realista de que podem ter piores resultados que outras.

É importante ensinar à criança que ela pode fazer algumas coisas bem e que pode não conseguir fazer outras coisas e que esperamos que faça o melhor que puder.

Elogiar não é sinónimo de competir e os pais não o devem fazer com base na comparação de resultados relativamente aos outros. Elogiar uma criança só quando obtém resultados e é melhor do que os outros não contribuirá para a sua autoestima; ninguém é o melhor em tudo e as crianças também o sabem. Em alturas em que não ganhem uma corrida, um concurso ou em que não tirem a melhor nota, questionar-se-ão se os pais ainda gostarão delas.

O elogio é realmente uma ferramenta importante para um saudável desenvolvimento emocional da criança mas, apenas quando dado no momento certo, da maneira certa e na medida certa. Quando o é feito desta forma, tem muitos benefícios, permitindo criar sentimentos de segurança, autoestima e confiança na criança.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

quarta-feira, 27 de março de 2013

SEMANA DO ELOGIO


Olá Pais, Tenho um desafio para vos fazer...

Vamos fazer a semana do elogio...Durante esta semana quero ver na pagina muitos, mas mesmo muitos elogios aos vossos filhotes...É um treino para não nos centramos só nas coisas menos boas, nas asneiras...Afinal, os nossos filhos têm muitas coisas boas...às vezes precisamos é de um clique para não as esquecermos e, MUITO IMPORTANTE, para as lembrarmos aos nossos filhotes!
Fica o desafio...A COMEÇAR A PARTIR DE......AGORA!!!!!

A SENSIBILIDADE DA CRIANÇA E O QUE NÃO DEVEMOS DIZER OU FAZER....



As crianças são seres sensíveis e que, como ainda não têm o seu EU completamente formado (está ainda em fase de construção com os tijolos que as figuras importantes à sua volta vão colocando), absorvem tudo o que lhes é dito como verdades absolutas.

Por isso é tão bom reforçar as suas coisas boas, mostrar a nossa disponibilidade para as suas coisas para que se sintam importantes mas, por isso, é também muito importante ter em atenção que existem algumas expressões que danificam de forma significativa e dolorosa esse EU em construção.

Muitas vezes, quando as crianças se portam mal ou não procedem de acordo com o que esperamos delas surge o “não gosto de ti...és um(a) menina(o) má(o). NUNCA...É das piores coisas que se pode dizer para alguém que está ainda a conhecer-se a perceber-se. Vai criar na criança sentimentos de inferioridade que, sem duvida, vão afetar a formação da sua auto imagem.

Outra situação que acontece com muita frequência é o dizer” Só me apetece...nem sei...até tenho medo de te bater” ou “ Vais levar a sério...agora é que vais ver o que é doer...” ERRADO também... O que gera a educação é a firmeza e nunca a agressividade. Ameaças desse tipo servem somente para que a criança fique com medo dos pais e não respeito que, afinal, é o que se pretende dos nossos filhos...Que eles nos respeitem enquanto pais.

Por fim mas não menos usada vem a celebre frase “Se fizeres o que te digo dou-te um brinquedo”. Muito complicada para o bem estar emocional da criança esta frase!!!! Ter um bom comportamento, fazer os TPCs são responsabilidades dos filhos, são deveres que eles tem para com os pais e, é fundamental que as crianças percebam que têm direitos mas que, para que esses direito possam existir, têm de corresponder também com deveres para com os pais...Quando os pais fazem acordos deste tipo com os filhos fazem com que eles pensem que aquilo não é uma obrigação deles.

Em suma, o meu alerta vai para que os pais nunca se
esqueçam de que são os “pedreiros” da casa, ou seja, do EU dos vossos filhos. Tudo o que fazem, tudo o que dizem, é um tijolo que vai segurar essa base, por isso, convém que os tijolos de base sejam fortes e seguros para que a “casa” não desabe. Tenho falado muito do que devem fazer para colocar bons tijolos...Hoje quis variar e alertar-vos para o que não devem fazer ou dizer...

Espero que possa ser produtivo!

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

O MEU FILHO É MUITO ANSIOSO....COMO POSSO AJUDÁ-LO?



Hoje me dia muitas são as crianças com sintomatologia ansiosa. Como as grandes figuras de referência delas são os pais a vossa ajuda é preciosa para minimizar esta “agitação” mental constante:

- Normalmente um dos problemas destas crianças é que querem fazer tudo ao mesmo tempo...resultado?...Acabam por não conseguir fazer nada da forma adequada...Uma forma de as ajudar pode ser ajuda-las a estruturar o seu dia a dia...Se em vez de se proporem a fazer 20 tarefas, escolherem 4, essas 4 podem ser escritas num papel e à medida que as forem realizado vão colocando um OK! Esse ato de registar “o feito” aumenta a autoestima e reduz a ansiedade, pois se 20 tarefas são impossíveis de realizar num dia, 4 são “pêra doce”

- Outra coisa importante a fazer é ouvir com atenção sempre que a criança vos procurar para falar dos seus medos ou preocupações. Não cometa o erro de menosprezar o sentir da criança ou dizer-lhe “isso não é nada”...Preste-lhe realmente atenção, esteja disponível e demonstre que a compreende....a mensagem importante a passar para a criança é que a compreende , que percebem que está a passar uma fase complicada mas que acreditam nela para a resolver.

- É fundamental para minimizar a sua ansiedade que o ambiente à sua volta esteja organizado e estruturado. Assim, pode ajuda-la a criar a sua rotina com os horários. Por exemplo, ao chegar da escola, determine o horário para fazer os deveres, brincar, tomar banho etc.

- As atividades extracurriculares são muito importante mas...Tudo o que é demais é erro... É muito cansativo ter escola, inglês, natação, etc. É necessário que a criança tenha tempo para brincar e organizar-se, planeja o seu estudo a cada dia. Quando a criança está integrada em muitas atividades, além de ser muito exaustivo, a rotina está pronta e não é possível descobrir a melhor forma de se organizar.

- É preciso ter tempo livre.

- Existe uma idade para tudo. Apesar de ser importante as crianças terem uma noção do que se passa à sua volta, quando são muito pequeninas (até aos 4-5 anos) devemos evitar que assistam ao telejornal com notícias desagradáveis, fatalidades ou ouvir conversas de adultos com comentários sobre isso. Vai gera-lhe muita ansiedade por exemplo se assiste a uma noticia de um avião que caiu e, depois, tem de passar pela experiência de o pai ou mãe ou ambos irem fazer uma viagem de avião. Uma criança nessa idade, não sabe discernir que isso é uma tragédia e que não está sempre a acontecer.

- A disponibilidade para os nossos filhos é importante mas, mais importante ainda é respeitar o espaço deles...se sente o seu filho preocupado com algo mostre que está disponível mas, não seja intrusivo...a Criança precisa d espaço para “ e perceber os seus sentires! Se a criança continua sem querer falar após um tempo basta apenas dizer-lhe que já se sentiu assim, e quando conversou a respeito se sentiu bem melhor. A seu tempo a criança vai perceber que pode recorrer a si.

- Separe a sua autoestima da do seu filho. Muitas vezes os filhos tem que ser perfeitos para que os pais se sintam bons pais. Quando eles fracassam parece que o fracasso é dos pais. Isso aumenta muito a ansiedade das crianças, que acabam por sentir que não correspondem ao que os pais esperam deles.

- Reconheça os pontos fortes e fracos de seu filho. Saiba valorizar os fortes, incentivando e elogiando. E ajude a superar os pontos fracos.

- Não o compare com outras crianças ou irmãos.

- Ensine ao seu filho as regras para se acalmar:
- Regra 1 – colocar a mão na barriga
- Regra 2 – perceber o que está a sentir
- Regra 3 – dizer STOP a esse sentimento desconfortável
- Regra 4 – respeitar fundo

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

segunda-feira, 25 de março de 2013

UMA CRIANÇA QUE SE MEXE MUITO É SEMPRE HIPERACTIVA???



A hiperatividade é um estado patológico que se caracteriza por problemas de concentração, quando as crianças mudam de atividade rapidamente, sem concluir o que iniciaram ou quando são distraídas por mínimos barulhos ao redor; impulsividade, quando reagem sem pensar nos resultados e consequências, quando são impacientes e interrompem conversas e tarefas alheias sem nenhum receio; movimentos excessivos, quando as crianças não permanecem sentadas ou sem lidar com objetos. Ainda são sintomas desse quadro as dificuldades em organizar tarefas comuns, problemas de socialização por fatores agressivos e demora para acalmar-se antes de dormir.

Agora...Dentro do que é a hiperatividade é muito importante realizar aquilo a que chamamos diagnostico diferencial. Diagnóstico diferencial é a analise psicológica/clínica que é realizada à criança, de modo a perceber de onde vem a sua agitação.

Nas crianças a agitação motora excessiva pode ser sintoma de varias patologias que não só a hiperatividade. Uma dessas patologias é a perturbação emocional.

As crianças são de facto um “mundo” engraçado....Elas conseguem arranjar defesas muito melhores que as dos adultos para evitarem o sofrimento e isto porque, para elas, crianças, com um sistema neurológico ainda em formação, a dor psíquica torna-se insuportável e a criança, pura e simplesmente tem de arranjar forma de tornar o insuportável suportável. Normalmente o que faz é mexe-se, mexe-se muito para não pensar, pois é quando pensa que o sofrimento e a angustia aparecem.

Assim, podem existir situações de hiperatividade pura, primaria, que surge como um quadro neurológico e como o problema em si ou, pode existir uma hiperatividade que surge como sintoma, como mecanismo de defesa e ai falamos de uma hiperatividade secundária, ou seja, falamos de um quadro que não é o problema em si mas antes sintoma de algo mais profundo e angustiante para a criança.

No primeiro caso, a criança deve ser logo encaminhada para consulta de desenvolvimento de modo a analisar qual a melhor terapêutica medicamentosa para ajudar a criança a acalmar e assim sentir-se melhor consigo mesmo, principalmente a nível escolar e social.

No ultimo caso, a primeira coisa a fazer é alertar os pais e ajuda-los a perceber o que poderá estar a gerar tanta angustia na criança, de modo a podermos reduzi-la. Em muitas situações essa angustia tem a ver como modo como a estrutura familiar está organizada (ou desorganizada) e ai existem algumas estratégias que podem ser fornecidas à família para atenuar o sofrimento da criança e assim reduzir a sua agitação.
De seguida dou algumas sugestões muito gerais porque cada caso é um caso, cada criança tem a sua própria individualidade e, não há receitas magicas ou medicamentos iguais para toda a gente para resolver o problema.

Aqui ficam algumas estratégias para os pais:
- As crianças com défice de atenção necessitam de organização, de estrutura, de directrizes e de repetições. O estabelecimento de regras, expostas e de fácil leitura, ajuda a criança a saber o que é esperado dela, o que lhe transmite segurança. O fazer com a criança, em família, um conjunto de regras, exposto na sala ou num local visível, de uma forma apelativa, é um meio auxiliar muito eficaz. Convém ter em conta a necessidade das regras serem colocadas na positiva, e de se recorrer a elas sempre que uma seja desrespeitada. As crianças necessitam ouvir com frequência, por isso repita-as, fale acerca delas, promova o diálogo, etc.

- Dar feedback, de uma forma construtiva, com frequência. As crianças beneficiam muito com o retorno frequente do seu resultado. Tal facilita a ocorrência dum comportamento desejável, possibilitando à criança saber o que lhe é esperado, e se está a atingir as metas esperadas, o que pode ser um excelente incentivo.

- Na maioria dos casos, quando se corrige uma criança, existe a tendência para dizer :"Não faças isso"; quando o que surtirá mais efeito será dizer: "Faz isso". Procurar dizer pela positiva, ao invés da negativa. Desta forma permite-se à crianças interiorizar o que tem de fazer, o que se espera dela, ao invés do que o que não se espera que realize.

- Valorize sempre mais o esforço do que o resultado final. Normalmente são crianças com baixa auto-estima e , por isso, convém que a criança seja "alimentada" com incentivos e apoios, não apenas quando termina tarefas, mas também durante a realização das mesmas.

- Deve-se procurar salientar os aspectos positivos da criança, evitando tratá-lo por apelidos ou realizar comentários depreciativos. Quando for necessário criticar, deve-se criticar o comportamento específico, mostrando, no entanto, que ela pode melhorar e, de uma forma pedagógica, mostrar-lhe a forma correta de agir. Perguntas do género "Sabes o que fizeste?, ou "Como é que achas que podias ter feito de forma diferente?" ajudam a promover a auto-observação.

- Estabelecer tarefas de conclusão rápida (inicialmente), começando a aumentar gradualmente a complexidade e duração das mesmas, fomentando a aprendizagem da organização.

- Relativamente a grandes tarefas, procurar dividir em menores. Grandes tarefas, em crianças dificuldade em manterem-se quietas, frequentemente resultam num nível de resposta do tipo "eu não sou capaz". Pela divisão de tarefas, o adulto pode permitir à criança que demonstre a si própria que é capaz, e evitar sentimentos de frustração.

- É muito importante a criança praticar um desporto pois vai ajuda-la a descarregar energias. Veja com o seu filho qual o desporto que mais o motiva e inscreve-o.

Sugiro também algumas estratégias gerais aos professores:
- Na sala, procurar colocar a criança junto do adulto, tal ajuda a evitar a distração. De igual forma, juntar a criança perto de outras bem comportadas, pois ela necessita de modelos para se estimular

- Procurar juntar as mesas em círculos, ou em "U". Tal facilita o contacto e o "olho a olho" com os restantes colegas, o que ajuda a evitar a dispersão.

- Utilizar, sempre que possível, metodologia visual. Procurar escrever no quadro palavras chave enquanto se fala dos assuntos.

- Alternar atividades mentais e físicas.

- Muitas vezes, o "chamar à atenção" verbal pode ser trocado por um simples olhar, que ajuda a criança a manter-se atenta. O mesmo resultado pode ter um pequeno toque físico quando esta se distraí (Ex.: leve toque no ombro).

- Procurar fomentar a comunicação Pais/Escola, não apenas duma forma reativa, após a ocorrência de dificuldades, mas sim duma forma construtiva e preventiva.

Fátima Poucochinho