segunda-feira, 25 de março de 2013

UMA CRIANÇA QUE SE MEXE MUITO É SEMPRE HIPERACTIVA???



A hiperatividade é um estado patológico que se caracteriza por problemas de concentração, quando as crianças mudam de atividade rapidamente, sem concluir o que iniciaram ou quando são distraídas por mínimos barulhos ao redor; impulsividade, quando reagem sem pensar nos resultados e consequências, quando são impacientes e interrompem conversas e tarefas alheias sem nenhum receio; movimentos excessivos, quando as crianças não permanecem sentadas ou sem lidar com objetos. Ainda são sintomas desse quadro as dificuldades em organizar tarefas comuns, problemas de socialização por fatores agressivos e demora para acalmar-se antes de dormir.

Agora...Dentro do que é a hiperatividade é muito importante realizar aquilo a que chamamos diagnostico diferencial. Diagnóstico diferencial é a analise psicológica/clínica que é realizada à criança, de modo a perceber de onde vem a sua agitação.

Nas crianças a agitação motora excessiva pode ser sintoma de varias patologias que não só a hiperatividade. Uma dessas patologias é a perturbação emocional.

As crianças são de facto um “mundo” engraçado....Elas conseguem arranjar defesas muito melhores que as dos adultos para evitarem o sofrimento e isto porque, para elas, crianças, com um sistema neurológico ainda em formação, a dor psíquica torna-se insuportável e a criança, pura e simplesmente tem de arranjar forma de tornar o insuportável suportável. Normalmente o que faz é mexe-se, mexe-se muito para não pensar, pois é quando pensa que o sofrimento e a angustia aparecem.

Assim, podem existir situações de hiperatividade pura, primaria, que surge como um quadro neurológico e como o problema em si ou, pode existir uma hiperatividade que surge como sintoma, como mecanismo de defesa e ai falamos de uma hiperatividade secundária, ou seja, falamos de um quadro que não é o problema em si mas antes sintoma de algo mais profundo e angustiante para a criança.

No primeiro caso, a criança deve ser logo encaminhada para consulta de desenvolvimento de modo a analisar qual a melhor terapêutica medicamentosa para ajudar a criança a acalmar e assim sentir-se melhor consigo mesmo, principalmente a nível escolar e social.

No ultimo caso, a primeira coisa a fazer é alertar os pais e ajuda-los a perceber o que poderá estar a gerar tanta angustia na criança, de modo a podermos reduzi-la. Em muitas situações essa angustia tem a ver como modo como a estrutura familiar está organizada (ou desorganizada) e ai existem algumas estratégias que podem ser fornecidas à família para atenuar o sofrimento da criança e assim reduzir a sua agitação.
De seguida dou algumas sugestões muito gerais porque cada caso é um caso, cada criança tem a sua própria individualidade e, não há receitas magicas ou medicamentos iguais para toda a gente para resolver o problema.

Aqui ficam algumas estratégias para os pais:
- As crianças com défice de atenção necessitam de organização, de estrutura, de directrizes e de repetições. O estabelecimento de regras, expostas e de fácil leitura, ajuda a criança a saber o que é esperado dela, o que lhe transmite segurança. O fazer com a criança, em família, um conjunto de regras, exposto na sala ou num local visível, de uma forma apelativa, é um meio auxiliar muito eficaz. Convém ter em conta a necessidade das regras serem colocadas na positiva, e de se recorrer a elas sempre que uma seja desrespeitada. As crianças necessitam ouvir com frequência, por isso repita-as, fale acerca delas, promova o diálogo, etc.

- Dar feedback, de uma forma construtiva, com frequência. As crianças beneficiam muito com o retorno frequente do seu resultado. Tal facilita a ocorrência dum comportamento desejável, possibilitando à criança saber o que lhe é esperado, e se está a atingir as metas esperadas, o que pode ser um excelente incentivo.

- Na maioria dos casos, quando se corrige uma criança, existe a tendência para dizer :"Não faças isso"; quando o que surtirá mais efeito será dizer: "Faz isso". Procurar dizer pela positiva, ao invés da negativa. Desta forma permite-se à crianças interiorizar o que tem de fazer, o que se espera dela, ao invés do que o que não se espera que realize.

- Valorize sempre mais o esforço do que o resultado final. Normalmente são crianças com baixa auto-estima e , por isso, convém que a criança seja "alimentada" com incentivos e apoios, não apenas quando termina tarefas, mas também durante a realização das mesmas.

- Deve-se procurar salientar os aspectos positivos da criança, evitando tratá-lo por apelidos ou realizar comentários depreciativos. Quando for necessário criticar, deve-se criticar o comportamento específico, mostrando, no entanto, que ela pode melhorar e, de uma forma pedagógica, mostrar-lhe a forma correta de agir. Perguntas do género "Sabes o que fizeste?, ou "Como é que achas que podias ter feito de forma diferente?" ajudam a promover a auto-observação.

- Estabelecer tarefas de conclusão rápida (inicialmente), começando a aumentar gradualmente a complexidade e duração das mesmas, fomentando a aprendizagem da organização.

- Relativamente a grandes tarefas, procurar dividir em menores. Grandes tarefas, em crianças dificuldade em manterem-se quietas, frequentemente resultam num nível de resposta do tipo "eu não sou capaz". Pela divisão de tarefas, o adulto pode permitir à criança que demonstre a si própria que é capaz, e evitar sentimentos de frustração.

- É muito importante a criança praticar um desporto pois vai ajuda-la a descarregar energias. Veja com o seu filho qual o desporto que mais o motiva e inscreve-o.

Sugiro também algumas estratégias gerais aos professores:
- Na sala, procurar colocar a criança junto do adulto, tal ajuda a evitar a distração. De igual forma, juntar a criança perto de outras bem comportadas, pois ela necessita de modelos para se estimular

- Procurar juntar as mesas em círculos, ou em "U". Tal facilita o contacto e o "olho a olho" com os restantes colegas, o que ajuda a evitar a dispersão.

- Utilizar, sempre que possível, metodologia visual. Procurar escrever no quadro palavras chave enquanto se fala dos assuntos.

- Alternar atividades mentais e físicas.

- Muitas vezes, o "chamar à atenção" verbal pode ser trocado por um simples olhar, que ajuda a criança a manter-se atenta. O mesmo resultado pode ter um pequeno toque físico quando esta se distraí (Ex.: leve toque no ombro).

- Procurar fomentar a comunicação Pais/Escola, não apenas duma forma reativa, após a ocorrência de dificuldades, mas sim duma forma construtiva e preventiva.

Fátima Poucochinho

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