segunda-feira, 25 de março de 2013

A CRIANÇA/ADOLESCENTE SINTOMA



São aqueles miúdos que, como forma de chamar a atenção, pelos mais variados (e justificados) motivos, recorrem a comportamentos de risco como forma de dizer “estou aqui”!

Normalmente são crianças emocionalmente muito imaturas, que não desenvolveram adequadamente o seu EU e, ficaram estagnados numa fase mais precoce do seu desenvolvimento. Por esse motivo, tal como as crianças mais novas, são muito centradas em si, muito “sedentas” de que tudo gire à sua volta. Não o fazem com má intenção ou com o intuito de magoar alguém...fazem-no porque, como não evoluíram a nível emocional…não sabem fazer ou ser de outra maneira! É extremamente angustiante para eles!

Na verdade, o facto de não terem evoluído adequadamente na construção do seu EU gerou-lhes problemáticas difíceis de gerir à medida que vão crescendo como a incapacidade para buscarem em si recursos para resolverem as suas situações problemáticas, a falta de iniciativa, a falta de motivação, o sentir de que o adulto e os outros existem para satisfazer as suas necessidades…enfim, uma sintomatologia que, se não for trabalhada a tempo acaba por gerar realmente situações patológicas mais graves.

São crianças jovens onde o trabalho terapêutico não é resolver o sintoma de risco…é antes perceber e resolver o problema que levou até ele…quando fazemos isso, ou seja, quando começamos por tentar resolver o sintoma, o que acontece é que resolve-se um e…de seguida aparece outro…e outro…e outro!!!!

Para cada comportamento visível existe sempre um porquê…se a abordagem for meramente sobre o comportamento visível, o problema continua a atormentar estas crianças/jovens que, incapazes de lidar com o ficarem sem a sua muleta (a sintomatologia é a muleta para o não saber lidar com o problema), vão criando cada vez mais sintomas.

Aos pais alerto para estarem atentos aos sintomas…Não partam do principio de que são meras chamadas de atenção...se são, ou não, cabe ao psicólogo diagnosticar e, adequadamente informar os pais acerca do modo como podem ajudar os seus filhos a superar as suas dificuldades, os seus problemas pois, mesmo que se entenda uma sintomatologia como chamada de atenção, essa chamada de atenção existe porque existe também um problema e é nele que temos de trabalhar..Pais, professores, psicólogo e, claro, a própria criança/adolescente!

Fátima Poucochinho

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