sexta-feira, 22 de março de 2013

Nenhuma criança nasce tímida…



A timidez é um aprendizagem, uma forma de estar que se vai formando dependendo do que o meio à nossa volta nos vai transmitindo.
Há medida que vamos crescendo, essa aprendizagem, se for repetida, vai-se tornando parte integrante de nós e, a dada altura, servirá para alguma coisa, e será usada, seja para nos proporcionar insatisfações, ou satisfações.


Não, as crianças tímidas não nasceram tímidas, mas assim ficaram porque foram fabricadas, criadas até de forma involuntária, uma vez que, como as crianças não vêm acompanhadas de livro de instruções (era bom, não era?) nem sempre é fácil perceber as regras a seguir… São observações simples, que podem ser facilmente constatadas, no nosso convívio diário, seja em casa ou na escola.

Sou a favor de que cada família deve olhar para dentro se si e desenvolver as suas próprias estratégias para que todos nela integrados possam ser mais felizes! Dessa forma não vou dizer-vos o que DEVEM FAZER mas antes vou listar-vos o que NÃO DEVEM FAZER! Assim, cada família pode adaptar as suas próprias regras à sua realidade e à sua capacidade enquanto família•

REGRAS A NÃO FAZER….
Regra 1. Compare sempre o seu filho com o filho do vizinho, ou do seu amigo, ou com o seu irmão, especialmente quando se trata de uma habilidade que o mesmo não possui.

Regra 2. Cubra-o de elogios, de modo que cresça ofuscado pelo “mimo caseiro”, ocultando assim as suas falhas, as suas limitações; assim ele ficará surpreso quando o mundo lá fora o rejeitar, sem que ele compreenda o motivo.

Regra 3. Revele, diante dos colegas do seu filho, situações que lhe sejam embaraçosas, especialmente aquelas pequenas manias que ele tenta a todo custo ocultar; ou pequenas preferências, que antes eram apenas segredos caseiros. Mas antes saiba que, isso o fará sentir-se envergonhado, menor que as outras.

Regra 4. Obrigue-a o ser irreverente, assim como o mais extrovertido da sala, na escola, ou da rua onde mora, indicando claramente que o seu comportamento, que representa o seu modo natural de “ser”, seja ele qual for, é considerado anormal.

Regra 5. Ignore os seus talentos naturais, preferindo sempre as qualidades dos outros.

Regra 6. Faça-o sentir-se embaraçado na frente dos amigos ou convidados, com comentários jocosos, citando o modo como se veste, como anda, como fala, os seus gostos pessoais, etc. Assim ele sentirá vergonha de expressar-se, de estar diante dos outros, e tenderá a ver-se como uma coisa anormal, diante de um mundo de normais, que evidentemente, são diferentes de si.

Regra 7.Menospreze as suas opiniões, mesmo sabendo que uma criança ainda carece de experiência para tê-las com coesão. Ressalte as opiniões daqueles que sabem tudo, especialmente crianças superdotadas, ou as consideradas génios, assim, doravante, ele sentir-se-á naturalmente inseguro, temeroso de dizer qualquer coisa, de opinar, na sua presença e diante dos de fora.

Regra 8. Esconda-lhe ou ignore as suas limitações, assim, ao entrar em contato com o mundo real, lá fora, longe do seguro ambiente do lar, local onde se sente importante, quando de fato puder constatar que não o é, o seu filho sentir-se-à humilhado e naturalmente fraco, sem saber lidar com a verdade óbvia, sem compreender o porquê das críticas sobre si.


Fátima Poucochinho

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