domingo, 24 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DOS AFECTOS



O afecto precisa de tempo porque a pressa é inimiga da perfeição e, quando temos pressa e não estamos disponíveis os sinais de que algo não está bem com a criança podem não ser detectados. 

O tempo que os pais estão com os seus filhos é mínimo... Muitas vezes nesta rotina do dia-a-dia, em que os põem nas escolas muito cedo e em que os vão buscar muito tarde, depois têm praticamente 1h30m antes de os pôr a dormir e nessa 1h30m é um tempo que é pouco e que não é de qualidade, de facto, porque os pais não estão disponíveis interiormente e não estão atentos aos sinais das crianças.

E esses sinais, nas crianças, podem revelar agressividade, isolamento, birras, choro, desorganização, regulação do sono, controlo dos esfíncteres, entre outros.

E quando nos damos conta, podem surgir arrependimentos.

Não podemos pensar "vamos trabalhar muito agora para depois mais tarde estarmos mais tempo com os nossos filhos", porque depois esse tempo pode já não chegar ou chegar numa idade em que as coisas já são diferentes.

Mas como o amor supera tudo, é possível atenuar e reverter, desde que se esteja atento e se queira.

Atenuar, por exemplo, por outras figuras de afecto e reverter, porque todos os pais vão sempre a tempo de aprender.
É possível reverter sempre; não quer dizer que não fiquem mágoas; muitas vezes o que acontece é que estas crianças precisam de substitutos do afecto... se os pais não conseguirem reverter eles o processo e ser mais afectuosos, são crianças que provavelmente precisam do afecto de outras pessoas, dos avós, da educadora.

E quem não sabe pergunta, observa e aprende. Uma das formas é a modelagem, ou seja, a pessoa fazer para os pais aprenderem a "fazer com". Muitas vezes a pessoa não sabe como fazer, mas vendo outros fazer pode conseguir modificar a sua própria atitude.

O afecto não é o único elemento que interfere na construção da personalidade das crianças, nem é o único que dita o sucesso na vida futura, mas contribui para formar uma pessoa feliz e inteligente emocionalmente, capaz de lidar consigo e estabelecer relações e laços com os outros.

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil

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