INFELIZMENTE, muitas crianças passam
por situações complicadas que lhes geram angustia, mau estar e sofrimento psíquico…FELIZMENTE, ser criança implica uma
pureza e ingenuidade tão grandes que, a sua capacidade de “apagar” o que não é
bom de guardar é imensa!
Muitas crianças
ultrapassam (ou ingenuamente pensam que ultrapassam) situações muito perturbadoras,
fazendo de conta que elas não existem (negação) ou, pura e simplesmente
idealizando o seu real de uma forma mais cor de rosa (idealização)…
É claro que aparentemente
“apaga” a angustia mas, acumula sob a forma de tensão no interior da criança,
surgindo agitação motora (muitas vezes confundida com hiperactividade),
agressividade, descontrolo do impulso, entre outras sintomatologias…
É fundamental os
adultos ao redor da criança estarem atentos a estes pequenos sinais pois, para
a criança, não se passa nada…ela está no seu “mundo encantado” onde para
segurança do seu bem estar…NADA SE PASSA!
O problema é que
efectivamente algo se passa, por mais que a criança não queira que se passe, e,
à medida que ela vai crescendo e amadurecendo, a manutenção do “mundo encantado”torna-se
muito complicada de gerir.
É quando a criança
começa a”descambar” porque, entretanto, enquanto viveu no “mundo encantado”,
não teve espaço para desenvolver recursos para se defender do que lhe gera
angustia, tristeza e dor, não teve espaço para “travar conhecimento” com a sua “caixinha
de ferramentas” dos afectos e, agora, ao acordar da vivencia do “mundo
encantado”…está perdida, sem controlo e sem defesas, precisando, mais do que nunca,
de adultos securizantes e protetores…
É esse o
problema do “mundo encantado” das crianças…Se elas vivem de forma obsessiva
nele, quando, em função da idade e do amadurecimento se vai tornando complicado
mantê-lo…elas perdem-se e desorientam-se!
O ideal é mesmo
termos o bom senso de perceber quando existem, no nosso seio familiar, situações
que, mesmo a criança não dando sinais, podem ser perturbadoras para a mesma…Temos
duas hipóteses…ou fazemos algo para mudar essas situações ou, quando não está
nas nossas mãos, ajudamos a criança a, mantendo um pouco da fantasia e da magia
do ser criança, perceber que para além do seu “mundo encantado” existe um mundo
real e que, apesar do encantando ser bem mais apetecível, no real está cá alguém
que a protege e a ajuda.
Fátima
Poucochinho
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