sexta-feira, 22 de março de 2013

O MUNDO ENCANTADO DAS CRIANÇAS





INFELIZMENTE, muitas crianças passam por situações complicadas que lhes geram angustia, mau estar e sofrimento psíquico…FELIZMENTE, ser criança implica uma pureza e ingenuidade tão grandes que, a sua capacidade de “apagar” o que não é bom de guardar é imensa!

Muitas crianças ultrapassam (ou ingenuamente pensam que ultrapassam) situações muito perturbadoras, fazendo de conta que elas não existem (negação) ou, pura e simplesmente idealizando o seu real de uma forma mais cor de rosa (idealização)…

É claro que aparentemente “apaga” a angustia mas, acumula sob a forma de tensão no interior da criança, surgindo agitação motora (muitas vezes confundida com hiperactividade), agressividade, descontrolo do impulso, entre outras sintomatologias…

É fundamental os adultos ao redor da criança estarem atentos a estes pequenos sinais pois, para a criança, não se passa nada…ela está no seu “mundo encantado” onde para segurança do seu bem estar…NADA SE PASSA!

O problema é que efectivamente algo se passa, por mais que a criança não queira que se passe, e, à medida que ela vai crescendo e amadurecendo, a manutenção do “mundo encantado”torna-se muito complicada de gerir.

É quando a criança começa a”descambar” porque, entretanto, enquanto viveu no “mundo encantado”, não teve espaço para desenvolver recursos para se defender do que lhe gera angustia, tristeza e dor, não teve espaço para “travar conhecimento” com a sua “caixinha de ferramentas” dos afectos e, agora, ao acordar da vivencia do “mundo encantado”…está perdida, sem controlo e sem defesas, precisando, mais do que nunca, de adultos securizantes e protetores…

É esse o problema do “mundo encantado” das crianças…Se elas vivem de forma obsessiva nele, quando, em função da idade e do amadurecimento se vai tornando complicado mantê-lo…elas perdem-se e desorientam-se!

O ideal é mesmo termos o bom senso de perceber quando existem, no nosso seio familiar, situações que, mesmo a criança não dando sinais, podem ser perturbadoras para a mesma…Temos duas hipóteses…ou fazemos algo para mudar essas situações ou, quando não está nas nossas mãos, ajudamos a criança a, mantendo um pouco da fantasia e da magia do ser criança, perceber que para além do seu “mundo encantado” existe um mundo real e que, apesar do encantando ser bem mais apetecível, no real está cá alguém que a protege e a ajuda.

Fátima Poucochinho

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