segunda-feira, 25 de março de 2013

COMO AJUDAR O SEU FILHO/A A LIDAR COM A PERDA…



Mesmo que queira proteger e evitar que os seus filhos sofram, nem sempre depende de si, não se podem evitar tragédias e perdas, mas pode ajudar a ultrapassar essa fase.

As crianças não são como os adultos quando sofrem uma perda; sofrem descontinuamente e não demonstram o seu sofrer. Muitas crianças apenas demonstram o seu sofrer às vezes, e por curtos períodos de tempo. Isto não significa que a criança não sofra, apenas significa que a criança não é capaz de se focar nessa emoção durante muito tempo.

A perda de algum ente querido ou mesmo de um animal de estimação pode ser traumático e perturbar uma criança, fazendo-a sentir-se abandonada e isso acontece porque, dependendo da idade, nem sempre tem maturidade para compreender o que realmente aconteceu e nem sabe como gerir as suas emoções.

Uma criança de 2 ou 3 anos de idade ainda não compreende o conceito de morte, mas sente a tensão familiar que a rodeia.

Uma criança em período pré-escolar com 5 anos poderá compreender um pouco do conceito de morte, mas poderá pensar que a morte é uma espécie de sono em que a pessoa entra, podendo acreditar que a pessoa mais tarde ou mais cedo vai voltar.

Por volta dos 6 anos de idade, a criança começa a sentir medo da morte, e à medida que a idade aumenta percebe que a morte é algo final que acontece a todos.

Uma criança sente saudades da pessoa que partiu e preocupa-se sobre quem, e como essa pessoa está a ser cuidada. Uma criança que está a passar por uma perda necessita de todo o apoio dos adultos que a rodeiam.

Em termos de sintomatologia, usualmente uma criança que está em sofrimento demonstra:
• Maior ansiedade
• Atitudes de fúria sem motivo aparente
• Regressão (passa a ter atitudes de crianças mais novas, como por ex: chuchar no dedo ou fazer xixi na cama
• Culpa-se pelo facto da pessoa ter desaparecido

Não existe um tempo “permitido e normal” durante o qual uma criança possa demonstrar que está a sofrer pela perda. Usualmente os comportamentos desaparecem com o passar do tempo, se o processo de luto se for processando adequadamente. Porém, se o comportamento persistir por um período superior a 4/5 meses deve ser considerada ajuda exterior à família.

Deverá ser considerada ajuda de um psicólogo quando a criança:
• Refere que deseja ir ter com a pessoa que faleceu;

• O rendimento na escola diminui;

• Deixa de conseguir interagir socialmente;

• Começa a apresentar dificuldades em adormecer e a ter pesadelos, de forma sistemática.

COMO PODE AJUDAR…
• Converse com a criança acerca do que se passou de forma tranquila. Diga a verdade de forma simples e responda com a verdade às questões que a criança faz mas, tenha sempre em atenção que há determinadas coisas que a criança não consegue adequadamente interiorizar. Por esse motivo não minta à criança mas omita o que sentir que é demasiado complicado para ela processar. Um exemplo desta situação é o suicídio…Uma criança não consegue processar esse conceito nem o entende adequadamente…como tal, não é necessário referi-lo. A criança fica esclarecida com uma informação que consegue processar que é – esta pessoa de quem eu gosto já não está cá....os pormenores mais complicados devem ser mantidos para o adulto, explicando apenas de acordo com o que a criança consegue processar;

• Certifique-se sempre que a criança compreende as suas respostas;

• Seja paciente, repita as respostas e explique as vezes que forem necessárias;

• Partilhe os seus sentimentos acerca da perda, poderá ajudar a criança a partilhar os dela – não tenha medo de partilhar que está triste ou mesmo de chorar em frente à criança;

• A questão do funeral é sempre complicada….deve ser explicado à criança (numa linguagem que ela entenda) o que é um funeral e perguntar-lhe se quer ir…deve ser uma opção dela. Na minha opinião a criança não deve ir no dia mesmo do funeral onde vão estar muitas pessoas e o ambiente vai ser muito pesado…Ela necessita, para fazer o luto, de ir ao cemitério mas, pode fazê-lo num dia mais calmo sem a confusão e o stress e emoções à flor da pele do dia do funeral.


Fátima Poucochinho

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