domingo, 24 de março de 2013

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTORIAS…



Cada vez mais a crianças vão perdendo essa capacidade fantástica que é sonhar, imaginar….Isso acontece porque, entre outros motivos, a magia deixou de ser “trabalhada”com os pequeninos, deixou de ser estimulada por nós, adultos.

Uma das melhores formas de manter a magia viva são as historias…OS CONTOS DE FADAS!

Do ponto de vista dos adultos, as respostas que os contos de fadas dão são mais fantásticas do que reais. No entanto, estas soluções, tão incongruentes para alguns adultos, são as únicas que as crianças (principalmente em idade pré escolar) conseguem compreender, e isto porque lhes falta a compreensão abstracta necessária para dar um sentido ao concreto, ao real.

As explicações científicas exigem um pensamento objectivo. Nenhuma criança em idade pré-escolar pode verdadeiramente aprender estes dois conceitos, sem os quais a reflexão abstracta é impossível.

A criança sente quais dos muitos contos de fadas são a verdade para a sua situação interior de momento (a qual ela não sabe, por si só, gerir), e sente também em que ponto da história esta lhe dá uma achega para poder enfrentar um problema difícil.
Mas isso não é imediatamente resolvido, nem se consegue quando se ouve um conto de fadas pela primeira vez. Alguns dos elementos do conto são demasiado estranhos – como têm de sê-lo, a fim de se dirigirem a emoções profundamente escondidas.
Só com a repetição frequente do conto, e quando tenha tido tempo suficiente e oportunidade para se debruçar sobre ele, é que a criança pode aproveitar plenamente o que a história tem para lhe oferecer no tocante à compreensão de si própria e do mundo.

Só então as livres associações da criança produzem o sentido mais pessoal do conto; só então o conto a ajuda a resolver os problemas que a oprimem.

Conheci pais cujos filhos reagiam a um conto de fadas dizendo “Gostei”, e assim apressavam-se a contar-lhes outro conto, pensando que mais um conto aumentaria o prazer da criança. Mas o comentário do filho exprimia provavelmente um vago sentimento de que a história tem qualquer coisa de importante para lhe comunicar – qualquer coisa que se perderá se não se ler à criança de novo a história, e se não se lhe der tempo para a aprender.

Desviando os pensamentos da criança prematuramente para uma segunda história, poder-se-á desfazer o impacto da primeira, ao passo que, fazendo-se isso mais tarde, se poderá antes aumentá-lo.

Quando lemos contos de fadas aos nossos filhos, ao deitar, eles (dependendo do modo como contamos a historia e da entoação que lhe damos) parecem fascinadas. Mas, muitas vezes, não se lhes dá a oportunidade para contemplarem os contos ou para reagirem; elas são imediatamente arrebanhadas, ou para outra actividade ou para outra história diferente da que lhes contaram antes, o que dilui ou destrói a impressão que o conto criou.

Quando damos às crianças tempo suficiente para reflectirem sobre a história e quando as encorajamos a falar no assunto, então conversas posteriores revelam que, emocional e intelectualmente, a história oferece-lhes muito.

Por tudo isto deve dar-se à criança a oportunidade de – vagarosamente – assimilar um conto de fadas, fazendo a junção das suas próprias associações com o conto.

Alerto para a desvantagem dos livros ilustrados, hoje tão preferidos por adultos e crianças, mas que acabam por, com as ilustrações, distrair em vez de ajudar - as ilustrações afastam a imaginação da criança daquilo que, por si próprias, e sem ajuda, elas sentiriam graças à história. A história ilustrada perde muito do conteúdo pessoal que poderia trazer à criança.

Fátima Poucochinho

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